Olhe a si mesmo de outro ângulo

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

A pesquisadora e psicóloga Elaine Aron, cientista norte-americana que descreveu um traço de personalidade chamado “Pessoa altamente sensível”, comenta em seu site (http://hsperson.com) que é importante fazer um inventário de si mesmo para melhor se conhecer.

Conhecer melhor a nós mesmos facilita nossos relacionamentos e evita muitos problemas no contato com as pessoas. Quando você é sincero consigo mesmo certamente vai encontrar falhas em seu comportamento, mas não se apavore. Não existe nenhum ser humano perfeito. Pior do que verificar que você tem mesmo algum defeito de comportamento, é não admitir que tem.

Olhando a si mesmo nessa busca de autoconhecimento, você vai ver falhas, coisas que você gostaria de ser e não é, e pode ver as coisas ou características em si que você gosta. O que fazer ao observar as falhas ou limitações pessoais?

A dra. Elaine Aron sugere três passos: o primeiro é procurar reformular o comportamento. Por exemplo, em vez de se depreciar por descobrir que você é uma pessoa teimosa, olhe para isso, claro, como algo a ser melhorado no que tem de negativo nesse comportamento, mas descubra que, por exemplo, um lado positivo de ser teimoso pode ser a persistência. Se você percebe ser vulnerável, o outro lado disso pode ser a sensibilidade, que é boa para muitas coisas. Ou se você descobriu que é impulsivo, um aspecto bom disso é ser espontâneo.

Uma segunda opção para lidar com pontos problemáticos em seu comportamento, é eliminá-los se eles realmente forem hábitos que perturbam os relacionamentos, ou curar a fonte deles. O que produz esse comportamento? Tem uma causa que quando repete, você age de forma ruim para si e para os outros? Ou seja, existe um fator gatilho que dispara esse comportamento disfuncional? De repente, sofrimentos que você teve no seu passado infantil e na juventude, estão ainda mal resolvidos e você com frequência cria problemas com alguém na sua vida adulta porque a ferida do passado ainda sangra por super-reação sua no presente. Importante lembrar que as pessoas do seu presente não têm culpa do que você sofreu lá atrás. Mexendo e trabalhando conscientemente na fonte do problema, é possível consertar o efeito ou a consequência para não ferir injustamente pessoas agora.

E uma terceira solução, além de procurar praticar os passos um e dois, é aceitar essas falhas que ainda estão aí em sua pessoa. Como comentei, ninguém é perfeito. Outra pessoa pode valorizar essas suas peculiaridades. Pode até haver alguma maneira de colocá-los em bom uso — tornar-se um especialista nesse problema.

É comum encontrarmos profissionais de saúde que se especializam numa área de sofrimento humano porque eles mesmos sofrem disso. E mais comum ainda é alguém seguir uma especialidade médica porque um familiar sofreu ou morreu da doença a qual o profissional se especializa. Ou um empresário se tornar fissurado em ganhar dinheiro porque sofreu muita pobreza e privação na infância.

Então, olhe a si mesmo de um outro ângulo. Respeite as coisas boas que há em você. Não negue as más. Pense e trabalhe nelas para ver o que é possível, um dia de cada vez, melhorar esse defeito de comportamento. A luta é para sempre para aquilo que não dá para curar plenamente.

Se você negar que tem problemas no relacionamento com os outros, tendo mesmo, isso é autoengano, pode se tornar arrogância, hipocrisia e perturba a vida com as outras pessoas. Mas, admitindo que tem esse ou aquele defeito de comportamento, sem ficar culpando ninguém por isso, é honesto, um grande passo para a serenidade e favorece um melhor relacionamento com as pessoas.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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