O que fazer em um dia difícil de viver?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Tem dias que não nos sentimos bem emocionalmente. Isto é normal nessa vida de lutas para a sobrevivência, pela presença de dificuldades na família, pressão no trabalho, sofrimentos variados decorrentes de má administração pública, consequências físicas, mentais, sociais e econômicas de uma pandemia, desafios financeiros, guerra espiritual entre o bem e o mal dentro e fora de nós, entre outras causas. 

Saúde mental não é ausência de angústia ou tristeza. É aprender a lidar com estas dores emocionais de forma construtiva. Podemos aprender. Não para nos tornarmos orgulhosos ou prepotentes achando que somos mais fortes que os outros. Mas aprender a administrar nossas emoções para surgir humildade, serenidade, compaixão especialmente ao sermos iluminados e perceber que todos estamos no mesmo barco da existência com seus desafios.

O que você pode fazer em um dia difícil, em que a angústia, a tristeza, apertam seu peito? Primeiro de tudo aceite que você não é um deus, mas um ser humano com limitações e mesmo tendo uma personalidade mais resistente, aceite que nem sempre é possível estar bem como desejaria.

Em segundo lugar, observe para ver se existe alguma pendência, alguma necessidade de fazer reparação, restituir o que deve, pedir perdão, oferecer perdão, se proteger melhor, colocar limites, pedir coisas em vez de assumir fardos pesados demais desnecessariamente. E faça o que for necessário dentre estes exemplos de atitudes que dependem de você.

Em terceiro lugar, descanse no dia difícil. Descanse fisicamente. Tire um cochilo. Vá caminhar na natureza. Se afaste de barulhos, agitação, shoppings, e use algum tempo para orar e para meditar. Coma menos e consuma alimentos mais leves, naturais, sem estimulantes, pois isso ajuda o cérebro. Evite assistir TV e leia um texto que produz esperança, luz, conforto, talvez uma biografia de alguém que lutou com sofrimentos e obteve melhora, alívio, mesmo sem ter tido necessariamente a cura desejada.

Descanse mentalmente. Isto significa não ficar se cobrando que teria que estar bem, teria que estar funcionando com bom pique no trabalho, teria que estar contente e sem angústia, teria isto ou teria aquilo. Pare com estes pensamentos de “teria que”. E aceite o que pode ser nesse dia, o que pode existir nesse dia. E ao final da jornada diária, ao deitar para dormir, olhe para trás e veja que, apesar de ter sido um dia doloroso, Deus lhe ajudou a realizar algumas coisas.

Em quarto lugar, se for necessário, você pode desabafar com alguém ético e de confiança. Falar ajuda a aliviar. Mas não é com qualquer um. E não precisa colocar nas redes sociais o que você está sentindo neste dia difícil. Escolha uma pessoa de princípios, preferencialmente mais velha que você, em quem você confia, com quem não exista nenhum risco de envolvimento afetivo e sexual.

Em quinto lugar, pense em alguém que precisa de ajuda e faça algo para aliviar a necessidade desta pessoa. Se não for possível ajudar o outro no mesmo dia em que você não está se sentindo bem, faça planos para o mais breve possível oferecer auxílio dentro de seus recursos físicos e materiais. Quando nos envolvemos em ajudar a aliviar o sofrimento de alguém, nossos próprios sofrimentos são também aliviados.

Em sexto lugar, pense que o que é bom, aquilo que é agradável em sua vida mental, passa, infelizmente. Mas diga a si mesmo, relembre a si mesmo no dia doloroso, que o que é ruim, também passa. Repetindo este pensamento, o que é bom, passa. Mas o que é ruim, também passa.

 

Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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