O lado saudável e doentio de nossa personalidade

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

O relacionamento entre pessoas com algum grau de intimidade pode não ser fácil quando se esbarra nas diferenças inevitáveis, sejam ligadas ao gênero – masculino e feminino, ou à geração, necessidades pessoais, e devido a problemas pessoais ainda não resolvidos.

Morrer para o eu e ao mesmo tempo manter os aspectos saudáveis da individualidade e da personalidade também é um desafio. Requer anos de experiência prática na vida para adquirirmos o equilíbrio entre estas duas atitudes.

Cada pessoa possui um lado saudável que é a parte da personalidade que funciona bem. O lado saudável da personalidade é o que tem bom equilíbrio, é razoável (usa a razão), tem ética, respeita limites próprios e dos outros indivíduos, não invade, evita controlar as pessoas, respeita.

Este lado precisa ser considerado tanto pela própria pessoa a fim de que ela não se desvalorize e se deprecie injustamente, assim como pela pessoa com quem ela convive. É possível olharmos para o lado saudável de alguém sem negar que existe também o lado “sombrio”, complicado, limitado, presente em todos nós.

Jesus era uma Pessoa que procurava sempre olhar o lado saudável das pessoas e mesmo quando se tratava de alguém descontrolado, complicado, possesso, promíscuo, ainda assim Ele Se concentrava no que aquele indivíduo viria a ser caso se sujeitasse aos princípios de comportamento saudável que Ele apontava e se aceitasse Seu oferecimento de ajuda pessoal.

Podemos aprender para fazer o mesmo em nossos relacionamentos. Ou seja, quando estivermos lidando com o lado complicado de alguém, quando este lado complicado estiver em ascendência no nosso contato com a pessoa, podemos dar dois passos para trás, evitar brigar e querer que a pessoa se comporte como desejamos, evitar também que ela abuse de nós, e tentar olhar o lado positivo dela.

Pessoas reivindicam coisas certas de maneira equivocada, ou seja, há pessoas que pedem coisas em seus relacionamentos, conjugal (esposo-esposa), filial (pais-filhos), paternal (filhos-pais), empregatício (patrão-empregado), que são boas em si e necessárias para que aquele tipo específico de contato humano ocorra com bem-estar, só que fazem isto de uma maneira que destrói o próprio contato ao invés de construí-lo. E isto pode se tornar um padrão de comportamento não saudável em pessoas que possuem, como todas, o lado saudável, normal.

Há um lema usado em grupos de ajuda, como o AA, Al-Anon, que diz assim: “Que comece por mim.” Isto significa que ainda que a outra pessoa com quem você convive tenha seu lado complicado, como todos temos, procure começar consigo mesmo o processo de melhorar seu comportamento em vez de esperar que ela compreenda seus problemas e mude também. Pode ser que ela vá compreender e aceitar que também tenha problemas e procurar mudar, mas pode ser que não, porque há pessoas bem defensivas que resistem a qualquer mudança.

Manifeste apreciação pelo lado saudável da outra pessoa sempre que tiver oportunidade para isto. Quem sabe assim ela irá, finalmente, admitir que ela também tem o lado complicado, e decidir trabalhar para resolvê-lo. Mas se mesmo assim ela permanecer na negação e auto-engano, isto será um problema dela. Siga sua vida pedindo ao Criador para ampliar os aspectos saudáveis de sua personalidade e eliminar o lado ruim, por causa de uma decisão e pedido seu.

 

Publicidade
TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.