Honestidade faz parte da cura

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 03 de maio de 2023

Rose N. Franzblauer foi psicóloga e colunista do jornal New York Post. Ela disse: “Honestidade sem compaixão e compreensão não é honestidade, mas hostilidade sutil.” Tem gente que se diz sincera porque fala tudo o que pensa. Será benéfico isso? Não pode ser uma forma de hostilidade contra aquela pessoa ou grupo social para quem o indivíduo se dirige?

Todos os dias lemos ou ouvimos em jornais, revistas, telejornais notícias cheias de conflito de interesses. Por exemplo, uma rede de TV famosa em nosso país joga dos dois lados. Às vezes faz isso disfarçadamente, outras explicitamente. Quando interessa à sua ambição materialista insaciável, ela fica do lado da direita política. Quando não interessa, ela defende a esquerda. Um nojo. E como afeta a opinião pública! O politicamente correto muitas vezes não é prudência, mas é hipocrisia e faz parte da malignidade.

Certa vez uma amiga budista comentou: “A verdade vai acabando com as minhas mentiras.” E uma pergunta que pode surgir nesse contexto é: você quer a verdade? Precisamos entender que não tem cura pessoal, comunitária, social, política sem verdade. Mas como a verdade pode surgir se, por exemplo, colocam políticos corruptos para serem o chefe de uma comissão parlamentar? Isso equivale colocar um lobo voraz para tomar conta do galinheiro. Não funciona para o bem. Mas isso parece ser feito para se manter a zona de conforto no caldo da corrupção.

Rose Franzblauer diz ainda que “qualquer coisa boa pode ser usada de forma prejudicial ou destrutiva. Toda a nossa recuperação [da saúde mental e por extensão, a de uma nação] é baseada em uma premissa fundamental de honestidade. Mas nossa honestidade se torna distorcida e prejudicial quando não estamos em sintonia com nossas motivações. Um homem que contradiz outros membros do grupo para se sentir superior em vez de ser útil está sendo hostil. Se criticarmos as pessoas sobre coisas que elas não podem mudar, estaremos apenas ferindo-as.”

Muito de nosso comportamento tem que ver com motivações mais inconscientes do que conscientes. Lembra quando você disse alguma palavra e queria dizer outra? Por que saiu a palavra que você não queria? Em psicanálise chamamos isso de “ato falho”. É da mente inconsciente que vem isso. Então, veja que temos uma área de nossa mente desconhecida para nossa consciência. Foi por isso que Jesus disse que é do coração que vem as coisas que machucam a pessoa e a leva a ferir as outras com seus comportamentos. Coração aqui se refere à parte mais profunda da mente e não o órgão em nosso peito que bombeia sangue para todo o corpo.

A psicóloga Rose segue dizendo: “À medida que crescemos, encontramos mais partes de nós mesmos que podem ser prejudiciais. Precisamos aceitar essas partes também, não nos condenar por sermos humanos, não esconder nossos impulsos destrutivos de nós mesmos. Então nossa honestidade conosco e com os outros não será maculada por motivos desonestos.” Interessante isso que ela diz, não é? Quando aceitamos nosso lado maldoso, tendencioso, corrupto, destrutivo, desonesto, quando percebemos que existe isso em nosso caráter, em vez de negar e fugir dessa verdade, aí temos a escolha de pegar um caminho de cura emocional, de honestidade que pode ajudar tanta gente, além de nós mesmos.

Franzbauer termina a reflexão dela com essa oração: “Eu oro por honestidade comigo mesmo primeiro, para que minha honestidade com os outros seja pura.” Eu também. Honestidade faz parte da cura pessoal, comunitária, social, política e espiritual.

(Fonte: Today’s Gift - Touchstones: A Book of Daily Meditations for Men -

hazeldenbettyford.org)

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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