Genética não é tudo

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Nosso comportamento, o jeito como somos como personalidade tem muito que ver com genética. Isto significa que herdamos de nossos pais e avós tendências de ser do jeito como acabamos nos tornando. Mas a hereditariedade não é tudo.

Alguns neurocientistas dizem que 40% do que somos como pessoa, nosso jeito de pensar, sentir e agir, depende de genética, mas o resto é influenciado pela epigenética, pelo meio ambiente onde a criança passa os primeiros anos de sua infância e pela sensibilidade dela.

Epigenética tem que ver com o que ocorre em nosso ambiente e que influi no modo como vamos funcionar como pessoa. Um feto na barriga de sua mãe sofre, positiva ou negativamente, influências dos hábitos da mãe, sejam relacionados com a alimentação dela, sono, e também como esta mãe pensa, sente, reage na vida.

Filhos de mães muito ansiosas têm maior possibilidade de virem a ter problemas emocionais ligados à ansiedade excessiva do que filhos de mães calmas. Algumas mães ansiosas demais agitam a criança por qualquer coisa. Ficam muito nervosas por qualquer sintoma que a criança apresenta, seja um espirro, ou se ela tropeça num móvel em casa ou no balanço no parquinho. Este nervoso da mãe afeta a criança, mesmo quando o bebê ainda está sendo gerado no útero materno.

Genética produz a propensão para uma doença e não a obrigatoriedade de vir a ter a mesma doença do pai ou da mãe. Filhos de pais alcoólatras tendem a ter mais problemas com a bebida alcoólica do que filhos de pais não bebedores. Por isso, nesse exemplo de alcoolismo, quem teve pai ou mãe, ou ambos, abusadores ou dependentes do álcool, precisam ter cuidado para não cair na doença alcoolismo.

Além dos fatores genéticos para explicar nosso jeito de ser, está a dinâmica familiar, ou seja, como funciona a família de origem da pessoa. Crianças criadas num ambiente familiar equilibrado emocionalmente crescem se sentindo com valor, gostam da vida, aprendem a lidar com suas emoções. E as que vêm de um ambiente familiar muito conturbado, com pais abusivos, ausentes, filhos de divórcio, podem desenvolver um transtorno emocional mesmo na infância, na adolescência ou na idade adulta.

Um terceiro fator que molda nossa personalidade, além da genética e do ambiente familiar dos primeiros anos de vida, é a sensibilidade daquela criança. Algumas crianças são mais sensíveis do que outras, por isso, podem sofrer mais do que seu irmão ou sua irmã na mesma família, diante de algum evento traumático. Este é um dos motivos porque pai e mãe que têm mais de um filho precisam pensar e observar que um deles pode ser mais sensível e, portanto, necessitar de atenção diferente.

Cada criança precisa do pai e da mãe presentes ao longo da infância para receber de cada um o modelo masculino e feminino saudável que ajudarão da formação de uma personalidade com menos possibilidade de vir a ter sofrimentos emocionais no futuro.

Genética, epigenética, ambiente familiar e sensibilidade da pessoa são os fatores básicos que constroem nosso jeito de ser. As boas novas é que mesmo que você tenha sido criado num ambiente familiar disfuncional, é possível aprender a lidar com as dores e machucados produzidos no passado para que eles não fiquem prejudicando sua vida, seu comportamento, seus relacionamentos, seus estudos e trabalho hoje.

Este aprendizado envolve autoanálise, pensando sobre seu comportamento, fazer as conexões entre o que houve no seu passado e como você funciona hoje, ler bons livros sobre autoconhecimento, assistir palestras e vídeos com base científica sobre o assunto e em alguns casos aconselhamento profissional. Lembrando também que todos estamos envolvidos numa guerra espiritual entre o bem e o mal, e por isso precisamos de desenvolvimento espiritual para ter boa saúde mental.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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