Estar só ... também

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

O Deus Criador do Universo nos fez como pessoas que necessitam interação social. Isso significa que existe necessidade de nos comunicarmos com os outros na família e na sociedade. Praticar isso é um fator positivo para nossa saúde mental. Mas também precisamos de momentos a sós.

Estudos mostraram que famílias que tomam pelo menos uma refeição juntos ao dia fornecem aos filhos melhores defesas contra vários tipos de delinquência. Portanto, é importante estar juntos numa família para conversar, fazer planos, desabafar, receber orientações dos mais experientes, descontrair.

Um outro lado da moeda é que também é importante que cada um possa ter seu momento de meditação, reflexão. Considere isso. Precisamos de sabedoria para entender quando deixar as outras pessoas sozinhas e quando falar com elas. Todos precisamos às vezes de estar sozinhos para pensar, organizar as ideias sobre algum assunto, elaborar como resolver algum problema, orar, ler algo útil, ou simplesmente para ficar quietos e descansar. Isso pode ser difícil para aquelas pessoas que são muito comunicativas e sentem grande necessidade de companhia. Mas mesmo estas, no fundo, necessitam de momentos a sós. Talvez elas ainda não entenderam a importância disso para elas mesmas.

A vida na família tem uma qualidade de relacionamento no qual frequentemente existe o contato de uns com os outros. No mesmo ambiente estamos rodeados de pessoas, pai, mãe, filhos e em alguns casos, outro parente que convive ali. É importante pensar que alguém daquele grupo familiar precisa de momentos para estar sozinho. Faz parte da boa comunicação familiar e em outros ambientes sociais, saber quando deixar os outros quietos e não ficar falando o tempo todo.

É possível aprendermos a combinar, a dosar estar junto dos outros e ter momentos a sós, falar e ficar quieto e deixar o outro pensar e se isolar quando sentir que precisa. Podemos aprender a respeitar a privacidade das pessoas seja convivendo numa família, na comunidade religiosa onde você vai, ou no ambiente de trabalho.

Saúde mental nesta questão de comunicação não é nem ficar o tempo todo junto das pessoas e falando, e nem se isolar o tempo todo ficando sozinho. Há momentos para as duas atitudes e ambas são necessárias para o enfrentamento das tarefas e desafios do dia a dia em nossa vida, trabalho e estudos.

Não tenha medo da solidão. Estar sozinho é boa oportunidade para pensar e meditar. Estes momentos de solidão são necessários para o crescimento interior, aprendizado, fortalecimento, dependendo do que você fará neles. Se usar aquilo que favorece sua saúde mental e espiritual, haverá ganhos importantes.

Se você se sente mal em ficar sozinho consigo mesmo, pare e faça as perguntas: “Por que não gosto de estar comigo mesmo? Será que fujo de algo?” Será que você veio de uma família na qual não havia respeito pela privacidade de cada membro dela e com isso você se acostumou a ter que estar sempre com gente em volta e falando? Será que você se atropela porque no fundo gostaria de ter momentos a sós?

É importante para nossa saúde mental ter momentos com várias pessoas ao redor, conversar, ouvir, trocar ideias, no trabalho, na escola, na comunidade religiosa, na família. E também é importante ter momentos a sós para meditar, orar, ler coisas construtivas e assim encontrar ideias para uma melhor qualidade de vida.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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