Doença de Alzheimer e assistir TV

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

No site da Harvard Health Publishing foi publicado um artigo em 10 de abril de 2023 com o título: “O menor tempo de TV reduz o risco de demência?”. O autor é o médico Andrew Budson, do Conselho Consultivo Editorial da Harvard Health Publishing, pertencente à Universidade Harvard. Ali é dito que um estudo estimou que metade dos adultos americanos passam de duas a três horas por dia assistindo televisão, com alguns assistindo até oito horas por dia. Isto é bom ou é ruim?

Dr. Budson diz que quanto mais tempo você se senta e assiste televisão, menos tempo tem para atividade física. E sabe-se que a prática de atividade física habitual diminui o risco de problemas cognitivos e demência. Se além de gastar muito tempo diante da TV você ainda fica sentado com outras atividades, isto aumenta ainda mais o risco de doenças como a de Alzheimer ou outro tipo de demência.

Será que estando exercitando-se regularmente, assistir televisão ainda é ruim para a saúde? O primeiro estudo científico que sugeriu que a TV ainda é ruim para o seu cérebro foi de 2005. Controlando o ano de nascimento, sexo, renda e educação, os pesquisadores viram que cada hora a mais assistindo TV na meia idade aumentava o risco de doença de Alzheimer de uma a três vezes. E participar de atividades estimulantes intelectualmente e atividades sociais reduziu o risco de desenvolver esta doença.

Em 2018, o estudo do UK Biobank começou a acompanhar cerca de 500 mil pessoas no Reino Unido que tinham de 37 a 73 anos quando foram recrutados pela primeira vez entre 2006 e 2010. As informações demográficas relatadas foram um pouco escassas: 88% da amostra foi descrita como branca e 11% como outra; 54% eram mulheres. Os pesquisadores examinaram o desempenho basal dos participantes em vários testes cognitivos diferentes, incluindo testes de memória visual-espacial, numérica de curto prazo, inteligência, entre outros.

Cinco anos depois, muitos participantes repetiram certos testes. Dependendo do teste, o número de participantes avaliados variou de 12.091 a 114.373. Os resultados deste estudo foram claros. Primeiro, mais tempo de assistir TV estava associado a uma pior função cognitiva em todos os testes cognitivos. E mais importante, o tempo de ver TV também estava ligado a um declínio na função cognitiva cinco anos depois para todos os testes cognitivos. Embora esse tipo de estudo não possa provar que a assistir TV causou o declínio cognitivo, ele sugere que sim. Mas o uso do computador foi associado a melhor função cognitiva e a uma menor probabilidade de declínio cognitivo ao longo do estudo de cinco anos.

Dr. Andrew comenta que em 2022, os pesquisadores analisaram essa mesma amostra do UK Biobank com outra pergunta em mente: o tempo gasto assistindo TV versus o uso de computador daria diferentes riscos de desenvolver demência ao longo do tempo? Suas análises incluíram 146.651 pessoas do UK Biobank, com 60 anos ou mais. No início do estudo, nenhum havia sido diagnosticado com demência. Ao longo de 12 anos, 3.507 participantes foram diagnosticados com demência. Depois de controlar a atividade física do participante: o tempo gasto assistindo televisão aumentou o risco de demência e o tempo gasto usando o computador diminuiu o risco de demência. Os que assistiam mais TV diariamente, mais de quatro horas, tinham 24% mais chances de desenvolver demência. E os que usavam computadores interativamente mais de uma hora por dia como atividade de lazer tinham 15% menos chances de desenvolver demência.

Este médico de Harvard diz que se você assistir mais de uma hora de TV por dia, a recomendação é desligá-la e fazer atividades que são boas para seu cérebro como praticar exercícios físicos, usar o computador, fazer palavras cruzadas, ouvir boa música, participar de atividades sociais e outras cognitivamente estimulantes.

Fonte: https://www.health.harvard.edu

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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