Crianças: que maravilha!

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Crianças são seres maravilhosos. Falam a verdade, são sinceras, não guardam ressentimentos, enfrentam a tristeza e a ansiedade à seco, não possuem preconceitos, são espontâneas.

O que você faz quando está muito triste ou com uma ansiedade muito forte? Toma um medicamento? Compra compulsivamente? Ataca a geladeira? Bebe demais? Usa alguma droga ilícita? Mete a cara no trabalho para não pensar no que dói?

Crianças também sentem angústia e tristeza. E elas não lançam mão destas fugas da dor emocional. Como elas aguentam? Elas podem ter provações tão difíceis de suportar como as que pessoas adultas enfrentam em certos momentos da vida. A gente não escuta uma criança de 6 aninhos de idade dizendo: “Mamãe, estou com uma angústia ruim!”, mas ela pode sentir essa emoção difícil.

Geralmente as crianças manifestam suas dores emocionais pelo comportamento. Podem ficar mais isoladas, irritadas, reclamando de dor em alguma parte do corpo sem ter nada de fato ali. Algumas voltam a urinar na cama quando já conseguiam controlar. Outras ficam hiperativas e agitadas. Estas e outras são manifestações da presença de sentimentos difíceis nas crianças.

Os pais precisam prestar atenção para isso e quando um filho ou filha manifestar um comportamento diferente, eles devem sentar com ela, olhar no olho, parar com as tarefas, desligar o celular, e procurar conversar com a criança perguntando como ela se sente. Se a criança disser, por exemplo, que está triste, não tente resolver isso imediatamente prometendo dar um novo brinquedo ou um picolé, sem conversar com ela. Pergunte: “Conta para a mamãe (ou para o papai) o que você sente.” Você pode explicar para ela que gente grande sente tristeza, ansiedade, medo, raiva, e explique brevemente o que é cada uma destas emoções, num linguajar apropriado para a idade daquela criança.

Em seguida, volte à pergunta: “Conte para a mamãe (ou para o papai) o que você está sentindo. Alguém disse ou fez algo com você que foi ruim?”, “Você está com medo de alguma coisa?”. Se a criança está diferente ao voltar da escola, pergunte a ela se ocorreu alguma coisa lá que ela não gostou. O importante é o pai e a mãe, ambos, manifestarem interesse sincero pela queixa da criança e deixar que ela fale, incentivando-a a falar.

Nunca minta para uma criança, pois isso a deixará confusa quando ela descobrir a verdade. Vamos supor que você está muito ocupada em casa, seu bebê está chorando no berço, a roupa no varal precisa ser tirada porque vem chuva, o feijão está esquentando no fogão e pode queimar, e o telefone toca. Sua filha de 8 anos atende e diz: “Mamãe, é para você!”. E por estar ocupada, você diz: “Fala com a pessoa que não estou! Agora não posso atender!”.

Quando a menina escuta “Fala com a pessoa que não estou” ela fica confusa porque você está ali com ela, ela aprendeu que não se deve mentir. Melhor você dizer: “Fale com a pessoa para ligar depois porque mamãe está ocupada” Alguns pais e mães agem com os filhos sem pensar no impacto das palavras sobre as crianças.

Crianças pegam as coisas muito literalmente. Seja sempre verdadeiro com ela o que não quer dizer que você terá que falar tudo para ela sobre o assunto. Na sua frente está um ser pequeno em crescimento e precisa de atenção, valorização, manifestações físicas e verbais de carinho, precisa de limites também, mas colocados de maneira educada e não em explosões de descontrole emocional por parte do pai ou da mãe. Crianças são uma alegria na nossa vida, cuide bem delas.

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Cesar Vasconcellos de Souza – doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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