Como contribuir para a diminuição da violência social?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 04 de março de 2021

Violência é o uso intencional de força ou poder físico real ou como ameaça, contra uma pessoa ou contra um grupo de pessoas ou comunidade, que resulta ou pode resultar em lesão, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (2002) sobre violência, apresenta recomendações sobre como lidar com esse assunto que está insuportável na sociedade. Você pode ver as recomendações em: http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/en/wrvhrecommendations.pdf

Entretanto, o que está ali é algo que para ser praticado a classe política, a polícia, o judiciário, os pais de família, várias instituições sociais, como associação de moradores, escolas, universidades, igrejas, empresários, mídia, entre outros, precisam dar as mãos para unir os esforços no combate e na prevenção da violência social.

A violência tira a vida de mais de 1,5 milhões de pessoas anualmente: pouco mais de 50%, devido ao suicídio, cerca de 35% devido ao homicídio, e pouco mais de 12%, como resultado direto da guerra ou alguma outra forma de conflito. Mas é possível atuar na prevenção da violência se combatermos suas causas como: pobreza concentrada, inadequação quanto ao salário pago para o trabalhador em função do gênero homem e mulher, uso de bebidas alcoólicas de modo prejudicial, falta de relacionamento entre os filhos e seus pais que forneça segurança, estabilidade e nutrição afetiva, e outros fatores.

Há níveis sociais diferentes que tentam explicar as causas da violência, tais como: 1 - Primeiro nível: idade, educação, salário, hereditariedade, lesões cerebrais, transtornos de personalidade, abuso de substância e relatos de história de pessoas que experimentam, testemunham e praticam comportamentos violentos. 2 - Segundo nível: tem que ver com relacionamentos íntimos, com familiares, amigos. Você tem amigos violentos? Há violência no seu casamento? Ocorre abuso contra um idoso que você tenha notícia produzido pelos cuidadores deles? 3 - Terceiro nível: contexto da comunidade, como escolas, locais de trabalho, vizinhança, pontos de venda de drogas, ausência de redes sociais de apoio, pobreza concentrada. 4 - Quarto nível: fatores sociais maiores que criam um clima que encoraja a violência, como corrupção, hipocrisia e instabilidade política, problemas no sistema judiciário incluindo corrupção, normas que regulam os papéis do homem e da mulher na sociedade, ou relações pais-filhos, que envolve injustiça econômica, afetiva; aceitação social da violência, disponibilidade de armas, exposição da violência pela mídia (TV, rádio, jornal, internet, revistas etc.).

A melhor forma de prevenção da violência tem que ver mesmo com a família. O melhor ensinador, para o bem ou para o mal é o exemplo da pessoa. A criança necessita aprender conceitos de boa moral, valores positivos de conduta. Mas para isso seus pais ou cuidadores precisam ser pessoas de boa moral, de boa conduta. Porque o exemplo fala mais alto. Mas se estes pais são eles mesmos agressivos verbal e/ou fisicamente, se nutrem em sua família o consumo de álcool, vivem assistindo programas de TV cheios de sensualidade, mentiras, violência, agressões e péssimos modelos como em algumas novelas, o que é passado para a criança será algo negativo, que poderá contribuir para gerar comportamento violento. Por isso, o mais significativo fator para reduzir a violência na sociedade tem que ver com guiar a criança desde pequena com disciplina equilibrada, exemplo de boa moral, evitando expor a criança à maldade e modelos de conduta muito alterados como aparece na mídia.

É muito difícil educar filhos na sociedade pós-moderna na qual vivemos para prevenção da violência, mas não é impossível. Tudo começa no lar com o relacionamento entre os pais e os filhos. É ali onde a prevenção da violência tem mais poder. Tenha coragem de ensinar seus filhos pequenos a serem honestos, verdadeiros, a se protegerem de crianças agressivas, a saberem dizer “não” para coisas estranhas para elas que outros possam oferecer, a terem valores éticos mesmo rodeados com abundância da falta de ética.

Ensine a criança a se autocontrolar. Coloque limites para ela quanto aos tipos de “lazer” que são violentos como certos videogames, filmes, encorajando-as e vivendo com ela mais perto da natureza, tendo alimento simples e natural, dormindo cedo, monitorando os estudos dela. Você acha que isso é fora de nossa época? Não mesmo. É possível aprendermos a ser verdadeiros, honestos, sinceros, éticos, numa sociedade apodrecida moralmente, sem nos tornarmos bobos e ingênuos, sabendo nos proteger da maldade.

(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Violence#cite_note-who.int-2).

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