Cinco estilos de relacionamento familiar

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Existem diferentes formatos de família no sentido de como os membros dela funcionam entre si. Algumas famílias funcionam bem, sem agressividade e com boa afetividade entre seus membros. Outras funcionam muito mal, algumas resultando em divórcio, abusos variados, muita tensão, com bastante sofrimento para todos, adultos e crianças. Se cada membro adulto da família se interessar por aprender a lidar com suas emoções, a conhecer melhor a si mesmo, os problemas poderão ser menores dificilmente, ou mais facilmente compreendidos para serem resolvidos.

A autora do artigo “Cinco estilos de relacionamento familiar – Quão bem sua família funciona emocionalmente?”, Molly S. Castelloe Ph.D., cita cinco estilos começando pelo nível com menos capacidade de lidar com situações emocionais, e terminando com o que seria a família “ótima”. Vamos ver.

Nível 5: A “Família em dor” – este é um modelo familiar com grave distúrbio caracterizado por desorganização, sentimentos de apreensão entre os membros, e uma sensação de perigo iminente pairando no ar. Neste modelo falta liderança e autoridade. É como um país em anarquia ou com desordem civil.

Nível 4: A “Família Borderline” – funciona melhor do que a família do nível 5 quanto aos relacionamentos. Num esforço de tentar controlar o sistema familiar caótico, devido à necessidade de melhor estrutura interna, a tendência deste modelo familiar é ir para o outro extremo de rigidez e muitas regras. A desordem do modelo 5 é substituída pela ditadura. Surge abuso de autoridade, e frequentemente usa-se regras e leis para coerção e intimidação. Ali funciona o dominador e o submisso. Nesta família uns querem controlar os pensamentos e sentimentos de todos os outros membros.

Nível 3: A “Família envolta em regras” – modelo familiar com menor comprometimento emocional quanto ao desenvolvimento. Ainda que seja um formato com regras estritas como o da “Família Borderline”, estas regras são internalizadas e não são impostas por uma figura externa autoritária. Os membros desta família não questionam os deveres e obrigações deste modelo familiar. As regras ali regulam os comportamentos de todos, mesmo com prejuízo da espontaneidade e da autenticidade de cada membro da família. Há uma espécie de repressão da vida emocional individual para o bem de todos. Não é uma família na qual seus membros têm boa intimidade afetiva.

Nível 2: A “Família adequada” – junto com o Nível 1 compartilham muitas características semelhantes e sendo mais avançadas quanto ao desenvolvimento. Cada um escuta os demais com atenção e vivem com melhor intimidade afetiva do que os modelos anteriores. As regras são claras mas não rígidas. A função delas é compreendida como existindo para servir ao bem de todos. São tidas como regras sujeitas à revisão quando necessário. É um sistema familiar flexível, podendo melhorar e não permanecer rígido.

Nível 1: A “Família ótima” – neste modelo se consegue melhor adaptação do que nos níveis anteriores, com melhor facilidade de mudanças positivas. Seus membros possuem um senso profundo de segurança e confiança nas conexões emocionais deles. Quando surgem conflitos, eles acreditam na possibilidade de trabalhar com eles, sempre respeitando os diferentes pontos de vista de cada um. Conseguem expressar sentimentos agradáveis e também desagradáveis de forma que possam enriquecer o relacionamento ao invés de criar ameaça de rompimento do vínculo familiar. Cada membro deste formato familiar sente satisfação da companhia do outro.

Dê uma parada para meditar no modelo de sua família atual. Analise como ela funciona. Existe ditadura, abusos, submissão errada, explosões temperamentais? O que você pode fazer para melhorar sua participação nesta família? Precisa falar mais e defender ideias que você crê nelas e parar de ser passivo e retraído? Ou precisa aprender a calar, escutar e valorizar as ideias dos outros membros? Precisa conter seu temperamento explosivo ou precisa exercitar a coragem de ser? Se cada um trabalhar para melhorar suas limitações pessoais, o modelo familiar avança de nível, para os que são mais saudáveis, e a qualidade de vida melhora. Não espere pelo outro. Comece com você.

Fonte: 5 Styles of Family Relating - How well does your family function emotionally? Molly S. Castelloe Ph.D. www.psychologytoday.com/intl/blog/the-me-in-we/201311/5-styles-family-relating

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