Queremos boas notícias

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Em tempos de pandemia, com aumento de pacientes infectados, o que precisamos mesmo para os próximos dias, meses, anos, horas, segundos... é mesmo de boas notícias, que aumentem a nossa autoestima, de verdade. De todos os lados. Desejo que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

Queremos chuvas de notícias boas, de estatísticas que correspondam com a realidade e que a verdade dos fatos seja cada vez melhor. Que nos deparemos com gráficos que denotem queda dos índices de violência, da fome, do desemprego. E que essas informações sejam o real reflexo das vidas das pessoas.

Seria ótimo precisarmos cada vez menos de algum canal para fugirmos de uma realidade que nos desconecte com o que está acontecendo, que não cheguemos aos limites do que é suportável e que cá onde estamos possamos nos deparar com a divulgação de bons e construtivos feitos. Menos bandalheira. Sem roubalheira. Mais oportunidades. Mais arte.  Melhor acesso às estruturas do serviço de saúde, viagens mais tranquilas pelas estradas, mais paz e liberdade verdadeira no ir e vir, quando tudo isso passar.

Seria ótimo que junto com o fim desta pandemia não tenhamos mais que nos depararmos com as trágicas notícias que dominavam os noticiários antes da Covid-19 dominar todo o espaço, como pessoas que são baleadas quando erram o caminho; que os funcionários dos hospitais não recebem salários; que pacientes morrem nas filas de espera por atendimento médico; que as verbas para a educação não chegam ao seu destino; que as cidades não estão ainda preparadas para garantir qualidade de vida aos seus moradores; que o número de desempregados é alarmante; que os bancos nunca lucraram tanto e as famílias estão cada vez mais endividadas; que as prerrogativas dos cidadãos estão sendo mitigadas pelos próprios legisladores.

Adoraria que você – e eu – recebêssemos mais notícias sobre cura de doenças, a tão esperada vacina contra o coronavírus, inclusão, emprego, amor, tolerância religiosa, compaixão, respeito e arte. Adoraria, aliás, que a arte estampasse mais os noticiários do que a corrupção, a violência e o desemprego. Não por ilusão ou por cerceamento da liberdade de informação. Jamais. Mas porque finalmente fomentaríamos a esperança, a elevação do espírito por meio do belo, o lazer e a fraternidade por caminhos mais prazerosos e menos tortuosos. Porque de fato, precisaríamos falar menos de dados e fatos negativos justamente porque aconteceriam em menor escala. Seria a realização de um sonho coletivo não termos notícias sobre vítimas de doenças e da violência para transmitir a ninguém. Seria, sim, a libertação. Eu acredito. E você? 

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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