Boas novas

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

            Para os próximos anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, desejo boas notícias. De todos os lados. Que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

            Queremos chuvas de notícias boas, de estatísticas que correspondam com a realidade e que a verdade dos fatos seja cada vez melhor. Que nos deparemos com gráficos que denotem queda dos índices de violência, da fome, do desemprego. E que essas informações sejam o real reflexo das vidas das pessoas. Queremos sentir esperança, e que ela faça sentido.

            Seria ótimo precisarmos cada vez menos de algum canal para fugirmos de uma realidade que nos desconecte com o que está acontecendo, que não cheguemos aos limites do que é suportável e que cá onde estamos possamos nos deparar com a divulgação de bons e construtivos feitos. Menos bandalheira. Mais oportunidades. Menos fogo acabando com tudo. Mais ar puro. Mais oportunidades. Mais arte. Melhor acesso às estruturas do serviço de saúde, viagens mais tranquilas pelas estradas, mais paz e liberdade verdadeira no ir e vir.

            Seria ótimo começar cada dia sem nos depararmos com a trágica notícia de que pessoas são baleadas quando erram o caminho; que os funcionários dos hospitais não recebem salários; que pessoas morrem nas filas de espera por atendimento médico; que as verbas para a educação não chegam ao seu destino; que as cidades não estão ainda preparadas para receber chuvas enquanto ardem com o fogaréu; que o número de desempregados é alarmante; que os bancos nunca lucraram tanto e as famílias estão cada vez mais endividadas; que as prerrogativas dos cidadãos não estão sendo mitigadas; que cuidar do meio ambiente importa. Que vale a pena continuar tentando, continuar plantando, continuar insistindo em coisas boas.

            Adoraria que você – e eu – recebêssemos mais notícias sobre cura, inclusão, emprego, amor, tolerância religiosa, compaixão, respeito e arte. Adoraria, aliás, ter notícias sobre prosperidade, acessibilidade, crescimento e paz. Não por ilusão ou por cerceamento da liberdade de informação. Jamais. Mas porque finalmente fomentaríamos a esperança genuína, o lazer e a fraternidade por caminhos mais prazerosos e menos tortuosos. Porque de fato, precisaríamos falar menos de dados e fatos negativos justamente porque aconteceriam em menor escala. Seria a realização de um sonho coletivo não termos notícias sobre vítimas de violência para transmitir a ninguém. Seria, sim, a libertação. Feliz boas novas. Eu - ainda - acredito.

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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