A qualidade literária

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Estava revendo textos que venho arquivando ao longo dos anos, uma coletânea elaborada por estudiosos em várias áreas das Ciências Humanas, resumos de palestras a que assisti e anotações decorrentes de reflexões pessoais. Folheando uma pasta e outra, me deparei com um tema que atrai minha atenção: a qualidade literária.

Já participei de seminários que apresentavam o tema sobre diversos pontos de vista. Possivelmente essa questão tem recebido atenção de escritores, educadores, psicoterapeutas e outros profissionais porque, hoje, textos mal elaborados são veiculados e lidos por crianças e jovens. O que me preocupa posto que a literatura tem força para influenciar o leitor.

Faço questão de ressaltar que o livro é um produto de consumo que pode ser adquirido como qualquer outro, como um perfume ou um sapato. Pode ser comprado em sites, livrarias, nas estantes dos supermercados, bancas de jornais e em feiras literárias. Está submetido às leis da oferta e da procura do mercado consumidor e sujeito às competições sedutoras do marketing, que nunca perde!

A qualidade literária é um conceito subjetivo, individual e coletivo, uma vez que sua avaliação precisa considerar a dinâmica cultural que se estabelece em cada tempo e lugar. Seu julgamento não pode desconsiderar o respeito aos fatos da língua, em nosso caso, à Língua Portuguesa, a beleza e criatividade no emprego das palavras, bem como à originalidade do tema.

A obra literária de qualidade tem potencial para aprimorar a existência humana na medida em que o texto trata de questões relevantes à vida com sensibilidade, o que a torna relevante à formação do cidadão crítico, à compreensão do outro, ao entendimento dos povos e à apreensão dos valores culturais.

A obra literária de qualidade resulta de uma produção textual pensada, isto é, que considera a hierarquia temática, sintática e gramatical a quem se destina. Um texto para ser absorvido por crianças de oito anos emprega uma linguagem compatível com a faixa etária do leitor. Entretanto, um livro infantojuvenil de qualidade, como o “O Pequeno Príncipe”, pode ser lido por pessoas de qualquer idade.

O livro com qualidade literária além de ser uma proposta de leitura interessante, permanece vivo no tempo, como “Crime e castigo”, de Fiódor Dostoiévski, “A volta ao mundo em 80 dias”, de Júlio Verne, ou “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.

Bons livros fazem sonhar, descortinam horizontes ao apresentar novas possibilidades ao leitor. Além do mais são fontes de prazer e boas companhias para os momentos de descanso e quando pouco ou nada se tem a fazer.

A alma do livro está enraizada na significação que oferece ao leitor. Ao ler, ele se vê na narrativa, sente a emoção dos personagens, enriquece seu modo de perceber a vida.

Acima de tudo, o livro de qualidade literária permite a comunicação entre os povos em tempos e lugares distintos.

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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