O amor materno

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

O amor de mãe para filhos — sequência eterna de uma geração a outra — alimenta amor através do tempo, fazendo com que esse afeto engrandeça o sentimento da humanidade. Segundo Cora Coralina, declara em seus versos: “a mulher tem o tom divino de ser mãe”

Cada dia que passa, tenho mais certeza de que o amor materno que recebemos é fundamental para que nos relacionemos com as pessoas durante a vida, além da inteligência e da criatividade. A mãe oferece ao filho a primeira oportunidade de amar, enquanto estima especial e individual. Toda mãe possui um modo particular de acolher sua criança, que percebe e sente esse abrigo de uma forma única. Estão no âmago dessa relação as bases do inconsciente que passam a respaldar a construção da história de vida de ambos, em elos que vão se entrelaçando de momento a momento, como relações de causa e efeito. 

Mãe e filhos se retroalimentam e se modificam. A mulher não é a mesma depois que tem cada um dos seus filhos, como também estes trazem as características da mãe, que se presentificam na maneira de ser ao longo de suas vidas. É uma relação intrínseca, tão íntima que a criança oferece seu afeto à mãe, mesmo que de maneira silenciosa, capaz de fazer o que for possível para tê-la a seu lado, posto que a mãe é percebida como fonte de vida e alegria. Muito mais do que uma forma de buscar o aconchego uterino, é um gesto de agradecimento por existir. 

Saint-Exupéry idealizou o Pequeno Príncipe quando viajava de trem para a Rússia e viu uma criança adormecida no colo da sua mãe. Ele guardou a imagem na memória e, tempos depois, quando exilado nos Estados Unidos, a desenhou. Foi uma imagem tão forte que, inicialmente, transcendeu suas palavras. E, somente em profundo estado de tristeza em decorrência da Segunda Guerra Mundial, escreveu num dos mais sensíveis textos literários do século passado. Ou seja, o afeto emanado da imagem não o deixou sucumbir.

Os filhos escolhem ou desenham os mais belos presentes para suas mães como uma maneira de expressar seus sentimentos. O amor mantém a grandeza do compartilhamento. Tem vivacidade. Guarda os versos dos poetas, tal qual “Mãe”, de Carlos Drumont de Andrade.

Mãe! São três pequenas letras apenas

As desse nome bendito:

Três letrinhas, nada mais...

E nelas cabem o infinito

E palavra tão pequena

— confessam mesmo os ateus —

É do tamanho do céu

É apenas menor que Deus

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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