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A literatura cuida da divina interação entre o dono e seu cão
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Hoje vou tratar de um tema que não tenho abordado aqui. Desconheço o motivo pelo qual pouco escrevi a respeito dos cachorros uma vez que possui farta literatura sobre estes seres especialíssimos, como dizia José Dias, em Dom Casmurro. Alguns livros estiveram sob meus olhos, como Marley e Eu, de John Grogan; Caninos brancos, de Jack London; Os Colegas, de Lygia Bojunga.
Passei três anos da minha vida escrevendo, com amor e dedicação, a história de um cachorro, o Labareda, que foi publicada pela editora Paulinas, em 2007, com o título Um Cão Cheio de Ideias. O texto foi adaptado para o teatro e apresentado no Rio de Janeiro, na Casa de Cultura Laura Alvim e no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, do mesmo ano.
Há pessoas que vivem cercadas por cães, sejam vira-latas, de raça, pequenos, grandes, peludos. Sejam de várias cores. Eles dão um toque especial aos dias da cidade, à rotina doméstica, à vida de pessoas de todas as idades, principalmente das crianças.
Penso que são anjos que vêm à Terra para nos proteger. Conversando com amigos que gostam de cães, chego a observar as missões que têm junto a nós e a identificar os momentos específicos em que surgem em nossa vida. Talvez seja por isso que dizem que não somos nós que os escolhemos, mas são eles que nos adotam; muitas vezes, chegam a nós de modo inesperado. A convivência com os cães aprimora as capacidades humanas de amar e de cuidar, aprofunda os sentimentos de generosidade e companheirismo.
Acredito que têm a função de tornar seus donos pessoas melhores e de apoiá-los a experimentar a vida nos diferentes momentos, oferecendo-lhes presença incondicional, vivacidade, carinho e atenção. São criaturas doadoras de afeto.
Construímos uma história própria com cada um dos nossos cães, e, quando partem, deixam-nos lembranças inesquecíveis. Por acaso, alguém nos recebe de modo mais afetivo? Por acaso, neles percebemos um olhar não verdadeiro? Por acaso, nosso cão de estimação nos deixou quando estávamos doentes ou aborrecidos? Ah, os cães captam os mais sutis sentimentos das pessoas com quem convivem; são capazes de perceber além do que imaginamos.
Por serem capazes de amar profundamente, os cachorros sofrem imensamente quando seus donos se ausentam. Stephen P. Lindsey escreveu o roteiro do filme Hachiko - Amigo Para Sempre, baseado na história real de um cão japonês acostumado a acompanhar o dono à estação de trem diariamente. Quando o dono falece, durante anos, até o final da vida, vai esperá-lo no mesmo lugar.
Segundo Chico Xavier, os cães são seres viventes que possuem alma. A espiritualidade canina é detalhadamente descrita no livro Angel Dog: Anjos de Quatro Patas, de Allen Anderson. Da mesma forma que contribuem para a nossa evolução espiritual, eles precisam de nós para se desenvolverem. Tanto o é que a relação de um cão com seu dono revela uma interação divina; ambos se transformam pelo amor, pela sinceridade e pela solidariedade.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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