Carta às mães

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Às Mães

Sei que esta carta só vai chegar na segunda-feira em suas mãos, depois da comemoração do seu dia, uma vez que minha coluna é publicada neste dia da semana. Através da homenagem que tenho vontade de fazer, quero abraçar a pessoa que guarda em seu peito o amor maior, o maternal. A quem o faz transbordar todos os dias do ano com generosidade. 

Certamente, está direcionada às mulheres. Pode ser aos homens, talvez. Provavelmente aos avós. Na verdade, quero reverenciar as pessoas que, por livre arbítrio, decidiram cultivar esta sublime afetividade, entretanto, muitas vezes, difícil de viver. Não restam dúvidas de que o amor é espontâneo, porém experimentá-lo em sua plenitude é uma opção, sempre renovada ao longo dos anos.  

Este é o dia de agradecimento ao seu olhar atento, ao jeito habilidoso que tem nas mãos para fazer, concertar ou ajeitar os tantos objetos e miudezas que fazem parte da vida. Aos modos de nos cuidar. Ah, como as mães penteiam bem e sabem resolver os problemas quotidianos e tantos outros mais complicados. É o dia em que se vai admirar a voz aveludada e firme daquelas pessoas que querem o melhor para uma outra e para a qual fazem o impossível. São mais do que amigas, são mais do que irmãs. São mães. Verdadeiras mestras que carregam em suas células a sabedoria milenar, sendo capazes de notar, num golpe de olhar, sem trisar, o que o semblante do seu filho quer dizer. Que percepção possuem! São como leoas que assistem suas crias e defendem-nas com vigor, tomando providências, das simples às mais extremas, para afastar os riscos que as ameaçam.

Além de serem tomadas pelo sentimento de preservação, até exacerbados, as mães não contam as noites em claro que passaram, acalentando os filhos em seus colos, controlando suas febres e esquentado suas barrigas quando têm cólicas. Em cada esquina, encontramos mães velhas que acolhem filhos grisalhos. Em cada rua, sabemos de mães que cuidam dos netos, até dos bisnetos. Em cada lugar, há mães que veem seus filhos partirem para o universo.    

Neste domingo, quero me lembrar dos primeiros sons que escutei da minha mãe; seus passos, respiração, risos e espirros. Dos sapatos dela que calcei. Das broncas que me deu. Da vida que tivemos. 

Se biológica ou não, mãe se define pelo velar, mesmo que não haja presença física, mas na sensação apaziguadora e confortante que habita no coração de seu filho, dando-lhe a certeza de que onde estiver dele cuidará. Pela pessoa a quem se pode buscar em qualquer hora; nas difíceis e prazerosas, nas arrastadas e movimentadas.

Salve, as mães! Os anjos que nos acolheram para que fôssemos a pessoa que somos. Que encontraram a felicidade em nos criar, apesar do trabalho que demos. Apesar das chaves que perdemos, dos copos que quebramos e das janelas que pulamos.

É tão bom dizer: mamãe.

 

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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