As biografias, um aprendizado para ser e fazer

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Gosto das biografias porque são originais, até hoje não li uma semelhante à outra; a experiência individual é inédita, tal qual a impressão digital. Os biógrafos penetram nos meandros do quotidiano dos seus biografados e vão desvendando quem foram, o que fizeram e por que tornaram-se significativos ao seu tempo, o que nos permite, inclusive, conhecer a história por outros vieses.                                                            

Acabei de ler a biografia de Hebe Camargo pela Amazon e fiquei emocionada. Não somente pelo modo como ela encarava a vida e seus desafios, mas porque assistia frequentemente aos seus programas. A hora da Hebe era a hora da Hebe. O que me atraia naquela mulher exuberante foi o modo como admirava as pessoas e ria. Ela ria sempre. Certamente, foi uma vivente e, como todos nós, teve seus desafios e agruras. Não foi perfeita. Porém não trapaceou e traiu os amigos. Soube ganhar dinheiro sem se corromper. Hebe tinha positividade, sobrevoava as dificuldades e aprendia a conquistar seu espaço no país a cada dia.   

Hebe participou da história do Brasil e do mundo, levando ao seu programa personalidades que contribuíram para a ciência, esportes, artes e outras áreas da produção humana, como Christiaan Barnard, cirurgião Sul-Africano que realizou o primeiro transplante de coração. Foi uma mulher que esteve no centro do movimento da vida com esperança, levando alegria a muitos. Tinha um fã clube imenso, e dele, eu fazia parte. 

A leitura de sua biografia deixou sua trajetória em aberto e fiz um curso de como viver com intensidade e otimismo. Aprendi e reaprendi que temos de jogar a bola para frente e chutar à gol. Sem imposturas. Ah, não vale a pena ficar em lamentos pelos cantos. Se há perdas em determinados momentos, há ganhos em outros, o importante é nadar a favor e contra a corrente até o final dos nossos dias. Ela fez isso. Trabalhou até suas possibilidades físicas permitirem, apresentando seu programa rindo, enfeitada por joias que adquiriu com recursos próprios. Acenou adeus com alegria.

Eu ia lendo sua biografia e vendo vídeos no YouTube, o que me ofereceu possibilidades de interpretar os fatos através dos bastidores. É interessante conhecer a história através de outros pontos de vista.

Entretanto, algo me entristeceu. Nesta leitura, eu me reencontrei com tantas pessoas das quais era fã, e que não estão mais aqui, como Bibi Ferreira e Edith Piaf. Ah, a vida é curta e rápida. Não parei de pensar que se as pessoas criativas, inteligentes e estudiosas vivessem mais poderiam deixar maiores legados, como Leonardo da Vinci, Braguinha e Rousseau.

Depois que acabei de ler, abracei aquele livro que havia me contado a história da Hebe. Por querer ser um pouco como ela. Por ter prazer em vê-la amar a vida.

 

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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