Uma reflexão necessária

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 05 de maio de 2021

É muito difícil para um colunista agradar gregos e troianos, pois as colunas são escritas baseadas nos acontecimentos, sejam eles locais ou nacionais. Muitas vezes até internacionais, pois as fontes de consultas incluem também a mídia estrangeira. No meu caso, a de língua francesa que é o idioma que domino e falo fluentemente. Claro está que os assuntos abordados vão depender do interesse do colunista, uma vez que esse nem sempre vive o dia a dia do jornal e suas referências passam longe das informações diárias que a redação recebe.

Mas, uma coisa é líquida e certa no ato de informar, ou seja, a pesquisa séria de tudo o que vai ser publicado, muitas vezes com a citação dos locais consultados. Claro que todo jornalista se preocupa em manter anotadas as pesquisas feitas, mesmo que não as cite na matéria. Daí que certas acusações de leviandade, omissão ou desinformação devem estar muito bem consubstanciada por quem as emite, para não parecer simples opinião jogada ao vento, o popular achismo. Nos bancos acadêmicos da faculdade de Comunicação Social aprende-se que o jornalista não acha, tem que ter compromisso com aquilo que publica.

Lembro-me que quando o ex-presidente Luís Inácio da Silva foi acusado de beberrão, por um correspondente do New York Times, fiz um artigo em que criticava o jornalista americano. Não que desconhecesse o gosto do presidente pela aguardente, mas pelo fato daquele tipo de notícia não ter nenhum interesse jornalístico a não ser o de denegrir a figura de um chefe de estado. Ainda citei que se um correspondente brasileiro fizesse esse tipo de comentário sobre Bush filho, ex-viciado confesso, (“Antes de seu casamento, Bush teve vários episódios de consumo abusivo de álcool. Em um desses casos, em 4 de setembro de 1976, foi preso perto da residência de verão de sua família em Kennebunkport, Maine, por dirigir sob a influência de álcool. Declarou-se culpado, foi multado em 150 dólares e teve sua carteira de motorista de Maine brevemente suspensa”.) teria sido no mínimo multado e suspensa sua credencial de jornalista, em solo americano.

Lembro-me também que aluno ainda da faculdade, fui orientado por um professor de esquerda e eleitor de Luís Inácio, de que o que estava em jogo era a liberdade de imprensa e, que nesse caso, o jornalista americano não deveria ser admoestado. Ou seja, a mesma ocorrência pode ter interpretações diversas; o fato foi noticiado, mas a opinião de cada um é livre.

Assim sendo, apesar de receber críticas toda vez que escrevo algo que possa parecer uma defesa do atual presidente, continuarei abordando os assuntos que julgar pertinentes. Na minha última publicação falei sobre o voto ser impresso após a conclusão da votação pelo eleitor. Minha coluna foi uma das mais lidas da semana, o que mostra a importância do fato. Sempre tive minhas reticências contra a urna eletrônica, e sei que muita gente também as tem daí ser um adepto da impressão desse voto. Ele não seria entregue ao eleitor, mas ficaria armazenado para uma posterior conferência, se fosse necessário. Muitos leitores pensam como eu e muitos discordam, o que é a verdadeira expressão da democracia. A unanimidade é burra, como já dizia o saudoso Nelson Rodrigues.

O que existe no Brasil de hoje é uma polarização da esquerda contra a direita, em que aqueles que se julgaram “derrotados” pelas urnas em 2018, não digeriram bem esse “fracasso” e não analisam o porquê desse resultado. A crítica é uma necessidade desde que seja construtiva o que, infelizmente, não é o observado por aqui. A negação de um fato com o único propósito de negá-lo é puro fanatismo, ainda mais quando se torce para que não dê certo.

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