O descaso com a cidade de Cabo Frio

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Estamos passando uns dias em Cabo Frio e nos impressiona como uma cidade que tinha tudo para ser um grande polo turístico da Região dos Lagos, está à míngua. Outrora chamada do Caribe brasileiro, defendida por muitos como até mais bela tal a limpidez de suas águas e dos acidentes geográficos de grande beleza, Cabo Frio, no entanto, hoje pede socorro. Transitar por suas ruas é uma aventura, tamanho o número de crateras com as quais os motoristas se deparam; sem falar que aos pedestres não está reservada melhor sorte, pois as calçadas também deixam muito a desejar. Mas, o IPTU é cobrado religiosamente e com os aumentos de praxe, em função da inflação. Não importa se o bairro é de classe média ou de pessoas menos favorecidas, aqui a igualdade é real, pois os buracos não respeitam classe social.

Não nos esqueçamos de que a cidade tem no turismo a sua maior arrecadação, uma vez que não tem indústrias e sua segunda fonte de renda são os serviços. Mas, é preciso deixar bem claro que o turismo não se limita apenas à beleza das praias. O turista tem de ser cativado para que volte sempre e convença parentes e amigos de que vale à pena uma estadia na Região dos Lagos.

Nos dias de chuva, em que o acesso às praias se limita aos mineiros que aí comparecem de guarda-chuva, não resta muito a fazer exceto visitar o shopping da cidade e, dependendo do filme, uma esticada nos cinemas, que como na maioria das cidades brasileiras, também se concentram no shopping. O comércio não é grande coisa, exceto a rua dos biquinis, muito cheia na alta temporada. Claro que a gastronomia seria um atrativo, porém nenhum restaurante de encher os olhos e um centro gastronômico, como já foi o canal, decadente. Um ou outro restaurante se destaca, mas nem de perto se comparam aos nossos, de Nova Friburgo.

A cidade está suja, cheia de mendigos e moradores de rua, o que deixa uma péssima impressão, sem falar no perigo que, atualmente, ronda os motoristas e pedestres. Os assaltos se tornaram frequentes, sendo impensável os carros circularem com as janelas abertas, principalmente em cruzamentos ou sinais. Ainda não acontece quebra dos vidros, como em São Paulo, mas não deve demorar muito. Os pedestres também sofrem, pois são roubados à luz do dia ou da noite, sendo relógios, celulares e bolsas os objetos mais cobiçados.

De acordo com o apurado junto a moradores da cidade, como a repressão ao tráfico e ao banditismo está muito presente na cidade do Rio de Janeiro, está havendo uma migração de marginais também para Cabo Frio e o efetivo da Polícia Militar insuficiente. Aliás, isso é uma coisa que chama a atenção em Nova Friburgo, onde apesar das reclamações, o policiamento do 11ºBPM está sempre presente na manutenção da ordem. A migração de moradores da Baixada Fluminense, onde o índice de violência é um dos maiores do estado, é outro fator que complica a paz dos cabofrienses. O pior é que como a cidade é muito plana, as favelas não estão nos morros e o risco de se entrar numa zona complicada é muito grande. Pelo menos, no Rio de Janeiro, o carioca só sobe o morro se necessário. Assim como em Nova Friburgo ninguém sobe alguns morros se não for morador ou muito necessário.

Claro está que se não houver uma atitude atuante e convincente da prefeitura e da Câmara de Vereadores, qualquer esforço será inútil, pois se o poder público não atua o que podemos fazer? Afinal, os políticos são eleitos exatamente para atender os anseios de uma população, que quer mais segurança, educação e saúde pública, atributos básicos para se viver em sociedade. Sem falar no desenvolvimento econômico, baluarte indispensável para o crescimento de uma cidade, onde a geração de empregos é um carro chefe. Mas, se o prefeito escolhe mal seus secretários, preso a um sistema carcomido de apadrinhamento, em detrimento da competência do escolhido, nada de concreto vai surgir.

Como já disse, o turismo é o grande ganha pão de Cabo Frio, mas ele não sobrevive só dos banhos de mar.

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