Escolas cívico-militares

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Antes de tudo é importante diferenciar o que seja uma escola militar (colégio militar), das escolas militarizadas, tão em voga e tão combatidas ultimamente. Assim, podemos conceituar as primeiras como instituições geridas por militares seja na direção, como na formação do corpo docente onde há uma mescla entre professores saídos dos quadros da caserna e de civis sem formação militar, mas enquadrados nos princípios que gerem a formação de um militar.

Além disso, a maioria dos alunos é constituída por filhos de militares e um dos objetivos, mas não obrigatório, é tornar a carreira militar mais atraente e de atender as especificidades e exigências dessa formação para a vida militar. Portanto, os alunos desses estabelecimentos são obrigados a respeitar regras que são a base da formação de um soldado. Têm de usar fardas, corte de cabelos padronizados, as meninas não podem pintar suas unhas nem seus cabelos. Existe respeito às normas básicas de educação, quando os professores são chamados de senhores ou professor fulano de tal, sendo que esses também têm a obrigação de se dirigirem respeitosamente aos alunos e se vestirem de maneira adequada.

Ao chegarem ao colégio, os alunos entram em fila, cantam o hino nacional, assistem ao hasteamento da bandeira brasileira e se dirigem às salas de aula de modo disciplinar. Não é preciso dizer que esse culto à disciplina e à educação como preceito fundamental da vida em sociedade, se reflete no alto nível de aproveitamento dos alunos seja ao ingressarem nas academias militares, seja nas faculdades ou escolas técnicas de gabarito.

Nos últimos anos, talvez desde os anos 80 do século passado, assistimos a uma degradação do ensino público que começou na falta de investimento governamental na educação, no despreparo e, porque não, numa banalização na formação dos professores, além do mais mal remunerados e sem estímulos na carreira e, o que é pior, numa falta de educação e respeito por parte dos alunos. Isso talvez seja reflexo de uma descaracterização do conceito básico do que seja família, na dificuldade enfrentada por pais e mães em educarem os filhos, pelas exigências da vida profissional de ambos, pelo desserviço muitas vezes prestado pela mídia e pelas más companhias que influenciam, negativamente, jovens de boa índole, levando-os para uma vida desregrada onde impera o uso de drogas, os roubos, as agressões, o desrespeito para com o próximo, principalmente os mais velhos.

Foi assim que surgiu a ideia das escolas militarizadas, que seria um retorno aos bons costumes que grassaram, na sociedade, até o final da década de 80. Ao contrário das escolas militares, as militarizadas que inicialmente eram geridas pelas secretarias de Educação, passaram para a gestão da Polícia Militar, tornando-se cívico-militares. No Brasil, já existem estabelecimentos desse tipo, financiadas por secretarias estaduais de Segurança Pública e de Educação.

No início deste mês, o governo Bolsonaro anunciou o Plano Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), que pretende implementar o modelo em 216 escolas até 2023, começando em 2020. O Governo Federal investirá cerca de R$ 1 milhão por escola para o pagamento dos militares e professores, na melhoria da infraestrutura das unidades e materiais escolares, incluindo computadores, quadras poli esportivas e o que mais for necessário na formação dos alunos.

Nestas escolas, policiais militares e civis partilham a administração e, de acordo com o novo modelo proposto por Bolsonaro, os militares atuarão como monitores para auxiliar na gestão educacional e administrativa. Os professores serão civis, responsáveis pela gestão da organização didático-pedagógica, bem como da financeira.

 E qual os benefícios desse tipo de administração? A volta da velha disciplina e dos bons costumes, onde meninos e meninas não poderão usar cabelos pintados, nem com cortes aberrantes, onde o uso dos celulares será restrito, os agarramentos, beijos e demais abusos tão corriqueiros nos dias de hoje serão coibidos durante o recreio e salas de aulas. A volta do uniforme ou farda será obrigatório, para que a decência no se vestir seja restabelecida, além de formarem fila e cantarem o hino nacional, antes de se dirigirem às salas de aula.

É uma volta ao passado, talvez, mas uma tentativa de recriar o senso cívico e o respeito pelos símbolos nacionais e pelos mais velhos. Diga-se de passagem, que nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, esse modelo já existe e o aproveitamento dos alunos, nos exames do Enem é muito superior ao das escolas públicas que seguem o modelo antigo.

Claro está que os partidos de esquerda, os pseudos comunistas tupiniquins e esquerdistas em geral são contra, pois tudo aquilo que restabeleça a ordem, a disciplina e a educação, aqui como ganho de cultura, contrariam seus objetivos de lavagem cerebral de nossos jovens. Pessoas cultas e educadas não se deixam influenciar por falsas promessas. Por isso, os próprios professores dessas escolas terão de se enquadrar no velho conceito, que era mostrar as diversas formas de governo existentes, seus prós e contras, deixando aos alunos a opção de escolha. Deveriam também admitir a existência dos transexuais, incutindo o respeito à orientação sexual de cada um sem, no entanto, influenciá-los nessa opção ou tentar convencê-los de que isso é normal.

Temos de ter sempre em mente que países em que a educação dos jovens é levada a sério são aqueles que mais progridem e que garantem uma melhor qualidade de vida a seus cidadãos.

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