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A bagunça do calendário brasileiro de futebol
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Não gosto muito de abordar futebol nas minhas colunas, mas decorridas quatro rodadas do campeonato estadual do Rio de Janeiro, algumas considerações devem ser feitas sobre esse torneio que não serve para nada. Dizer, como o fazem, alguns coleguinhas da imprensa de que ele é o mais charmoso entre os estaduais, é um contra senso, pois de charme ele não tem nada. Além disso não representa nenhum ganho para os grandes clubes do estado, seja ele esportivo ou financeiro. Os times de menor investimento não tem torcida e, portanto, não enchem estádios; nos clássicos apenas a rivalidade contribui para melhorar o borderô.
Aliás, para os grandes clubes, o Cariocão é um transtorno, pois fica espremido entre a volta das férias e os torneios importantes do país. Todo professor de Educação Física e os fisioterapeutas esportivos sabem que é preciso, no mínimo, 30 dias para que os atletas de alta performance, vindos das férias, comecem a render e a ter uma performance que será burilada ao longo da temporada. Os quatro grandes times do estado retornaram das férias no início deste mês e no último dia 17 tinha início o torneio.
A pré-temporada do Botafogo durou exatos dez dias, três para exames médicos e sete para treinos físicos e táticos. Parece e é uma piada de mau gosto. Aí, para tentar contornar esse transtorno na preparação, os clubes lançam mão de times reservas, mas, matreiramente, a federação de futebol do estado determina que isso é permitido apenas até a quarta rodada. Para reforçar essa determinação, ainda marcam os clássicos a partir da quinta rodada. Domingo próximo já teremos o primeiro deles, entre as equipes de Flamengo e do Vasco da Gama.
Por falar em Flamengo, no último sábado, 27, ele empatou com a Portuguesa. Jogou com um time misto composto de atletas da base e de reservas. Mas, mesmo com um time reserva a vitória seria o resultado mais do que provável. No entanto, os times de menor investimento, os chamados pequenos, começam a treinar já em dezembro e, quando o campeonato se inicia, já adquiriram preparo físico e entrosamento suficientes para fazer a diferença em relação às grandes equipes.
No caso do Botafogo, além da curtíssima temporada, ainda houve um agravante, pois sofreu modificações importantes na equipe, já que muitos jogadores do ano passado foram vendidos e outros foram contratados. O desentrosamento é flagrante e o nível técnico do jogo, deixa muito a desejar. A ressalva a ser feita é que não se pode escalar os titulares desde o início e mantê-los no time, pois o risco de lesões é muito alto. Ontem, no clássico entre Palmeiras e Santos, um jogador recém contratado do verdão teve uma séria lesão no joelho, o que o deixara fora dos gramados por, no mínimo, quatro meses.
Além disso, os novos contratados têm de ser testados daí que, na realidade, os jogos oficiais se transformam em treinamento para as grandes equipes, por isso o baixo nível técnico. Há um agravante nessa história, que é o fato da torcida exigir sempre vitórias o que obriga os atletas a darem seu máximo num momento em que ainda não estão em condições de fazê-lo.
A arbitragem é um outro problema sério e que piora ano a ano, seja nos torneios regionais ou nacionais. O jogo do Vasco da Gama contra o Bangu, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi a prova disso (o time cruzmaltino foi jogar na capital federal com olho numa renda melhor). Foram visivelmente prejudicados pelo soprador de apito, com a expulsão de Jair, atleta do Vasco, aos três minutos do primeiro tempo. A falta existiu, foi uma entrada mais dura, mas a punição severa demais. Um cartão amarelo, de advertência, estaria de bom tamanho. Resultado a disparidade de preparo físico, somado a superioridade numérica e física fez com que o Bangu jogasse de igual para igual.
Já no segundo tempo o Vasco fez um a zero, mas o alvirrubro da zona norte igualou o marcador, até que um jogador fosse expulso, também por uma falta mais dura. Após a equipe da cruz de malta ter desempatado, o juiz arrumou um pênalti (para mim foi falta, mas fora da área) e o jogo terminou empatado em dois a dois. Uma arbitragem desastrosa, pelo mesmo juizeco que no campeonato do ano passado expulsou três atletas do Fogão no jogo Flamengo X Botafogo.
Em outros jogos o que se vê são faltas não marcadas, impedimentos mal apitados e todas as mazelas que comprometem a arbitragem, ainda mais que o VAR só dará o ar de sua graça nos clássicos ou nas finais. Nem sei, se com exceção do Maracanã, do estádio Nilton Santos e do estádio de São Januário, os demais campos de futebol do estado têm condições de instalar o VAR.
Mesmo não tendo maioria nas reuniões da federação, pois um dos antigos presidentes, matreiramente, alterou os estatutos, de maneira que os grandes times não têm mais poder decisório, é mandatório que Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama, na realidade quem sustenta a federação e os nanicos do futebol do estado, deveriam derrubar a mesa. Recusarem a escalar os times principais, exigirem um torneio com datas mais enxutas. Fazer com que os pequenos disputem um torneio inicial que classificaria os quatro melhores classificados e se juntassem aos grandes para um campeonato mais curto seria a solução. Se se recusarem a entrar em campo, não creio que a federação tenha como puni-los, pois a CBF jamais aceitaria um campeonato brasileiro sem os quatro grandes do Rio de Janeiro.
Max Wolosker
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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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