A atual pandemia pode modificar o humor das pessoas

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Confesso que dez meses de pandemia começam a me deixar ansioso, desestimulado e preocupado. Afinal, acostumado a sair, viajar, conversar com os amigos, reuniões científicas com meu grupo da endocrinologia, tudo isso desapareceu com a chegada desse maldito vírus, gestado nos laboratórios suspeitos da China. Para piorar tudo, temos de lidar com as fake news, nos obrigando a filtrar tudo o que lemos ou assistimos na mídia, para evitar acreditar ou difundir notícias sem lastro técnico.

Ontem mesmo, recebi uma dessas comunicações, em que uma geneticista da Universidade de São Paulo chamava a atenção para o perigo das vacinas que usam modificações do DNA (código genético) do vírus, modificando sua estrutura e propiciando ao organismo humano a fabricar anticorpos para proteção contra uma possível infecção. Esse relato dizia que havia o risco do aparecimento de doenças autoimunes nos vacinados, assim como a possibilidade de surgirem tumores malignos (câncer), por alterações no código genético das células humanas.

Além do próprio desmentido da Universidade de São Paulo sobre a matéria, a própria Lupa, uma agência de fact-checking brasileira emitiu o seguinte comunicado: “Vacinas sobre plataformas de DNA ou RNA não alteram o código genético de células humanas. Na verdade, essa técnica consiste em inserir uma parte dos genes de um determinado patógeno em plasmídeos, molécula de ácido nucléico presente em bactérias. Esses plasmídeos, então, são injetados no corpo humano e entram nas células, onde passam a reproduzir partes do agente causador da doença. Isso produz uma resposta imunológica do organismo. Ou seja: o código genético que é modificado é o de uma molécula de uma bactéria, não o de um ser humano”.

Na realidade, essa técnica de produção de vacinas é recente e não se tem notícia de nenhuma que tenha sido aprovada ainda, para uso em humanos. As vacinas atuais usam o próprio vírus ou bactéria em versão atenuada ou inativada, mas que são capazes de ativar o sistema imunológico humano. Com isso enfatiza-se a responsabilidade da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ao analisar os dados da terceira fase de testes, em andamento no Brasil, seja a Coronavac, seja a de Oxford. É importante, também, enfatizar que o tempo de testagem desses medicamentos é muito curto, pois a maioria das vacinas existentes, no mundo, levaram quatro ou mais anos até terem seu uso disseminado sem restrições. Mas, o mundo tem pressa em voltar à normalidade.

Ao que parece, a vacina, na realidade será a única forma válida de proteção da humanidade contra o coronavírus, pois da mesma maneira que o HIV, não existe um tratamento específico que consiga eliminá-lo. Quando muito se atenua os sintomas ou interrompe-se o seu ciclo, mas ele está lá, pronto a causar estragos, quando da suspensão da medicação. Daí a pressa para que se descubra uma imunização eficaz e capaz de aliviar a pressão sobre a população mundial. Mas, a pressa, na maioria das vezes, é inimiga da perfeição.

A grande realidade é que ninguém aguenta mais ficar em casa, restrito a saídas ocasionais e mesmo assim para compras necessárias ou resolver problemas inadiáveis. O fim da vida em sociedade, do convívio com os amigos, de viagens ou passeios para tornar a rotina menos penível. É claro que se as pessoas fossem mais comedidas, o isolamento social poderia ser mais suave, mas basta passar todas as noites pela Rua Monte Líbano, aqui em Friburgo, para vermos como esse comedimento é jogado às traças. Ainda mais num povo como o nosso, em que o calor humano faz parte do dia a dia do brasileiro.

E, é esse mesmo isolamento, com restrições às coisas que me são importantes, que começam a afetar meu psiquismo e começam a me deixar nesse estado de ansiedade.

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