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Angústia pode matar
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Confesso que não tive ânimo para recomeçar a escrever minha coluna, conforme tinha previsto, a partir desta semana. O meu grau de angústia em função da atual pandemia estava quase no limite, e chegou ao máximo na última segunda-feira, 4, quando soube que um de meus enteados testou positivo para o coronavírus. O pior é que estive com ele, no Natal, pois como estava em férias em Friburgo, veio almoçar conosco, no dia 25 de dezembro.
No dia 26 quando ele foi embora, esteve com uma sobrinha, muito gripada e que estava sem máscara, e quatro dias após sua chegada em casa, começou a ter sintomas típicos de uma gripe, com febre, dores pelo corpo, tosse com expectoração, porém sem perda do paladar e do olfato. Ligou para mim e me perguntou se deveria fazer o teste de Covid. Como ele trabalha numa repartição, com outras pessoas, disse-lhe que o exame era mandatório, pois a doença pode se manifestar como um simples resfriado, mas só o exame comprovaria tratar-se ou não de uma virose.
Eu, que já não estava bem, a beira de uma depressão, fiquei extremamente preocupado e, nessas horas, ser médico é um pesadelo, pois tudo que você sente, mesmo uma dor no dedão do pé, pode ser devido à gripe chinesa. Para piorar as coisas, nesta terça-feira, 5, ele me telefonou e me deu a triste notícia de que tinha testado positivo. Devo frisar que ele, provavelmente, se contaminou durante sua viagem de volta, de carro e com muitas paradas no caminho. Disse-me ainda que estava muito bem, com saturação de oxigênio de 96%, sem febre, somente um pouco rouco e ainda com tosse.
Após uma noite mal dormida, mesmo orientado por uma colega avaliando que dificilmente eu estaria infectado, já que se tinham passado 12 dias de um contato, sem que houvesse comprovação de nada, mas não sosseguei enquanto não fui fazer o teste do swab nasal. E, na hora do almoço recebi a auspiciosa notícia de que meu exame estava negativo, e que até aquele momento eu estava livre dessa praga do século 21, que maltrata e mata nossos irmãos do mundo inteiro. Respirei aliviado, tirei um peso da consciência e creio que conseguirei dormir melhor depois desse resultado.
A humanidade não está preparada, atualmente, para enfrentar esse tipo de pandemia, haja visto as aglomerações que se formaram nas festas de fim de ano, seja no Brasil, seja no exterior. Depois de quase um ano de isolamento social e confinamento, as pessoas chutaram o balde e se aglomeraram como se nada estivesse acontecendo, aboliram as máscaras e esqueceram-se das precauções inerentes a esse momento crucial pelo qual passamos.
É preciso manter o foco, a pandemia não acabou e a vacinação está apenas começando, e vai demorar muito até que se imunize toda a população mundial, pois se estima que ela chegou a 7,8 bilhões, em julho de 2020. Isso quer dizer que os testes da fase 3 chegaram ao seu final e que os órgãos que regulam a fabricação e venda de produtos farmacêuticos, em todos os países, estão começando a dar o aval para a fabricação em massa, dos vários imunizantes disponíveis até agora. Mas, vejam bem, se são necessárias duas doses para garantir uma imunização eficaz, serão necessárias 15,6 bilhões de doses. Haja tempo para que essa produção seja alcançada e que toda a população mundial esteja vacinada.
Portanto, um pouco de cuidado nunca é demais e continua sendo indispensável o uso de máscaras, a higiene das mãos com água e sabão ou álcool gel, a limpeza das compras ao se chegar de supermercados, padarias, lojas e etc e evitar a todo custo aglomeração, pois nesse caso fica impossível manter o distanciamento social. Devemos nos lembrar, sempre, que hoje já temos 1.857.274 mortos no mundo inteiro e, no Brasil estamos próximo dos 200 mil.
Todo cuidado é pouco e os mais jovens têm de entender que eles também são suscetíveis de contraírem a doença, e o que é mais grave, de passarem para os mais idosos, que são um grupo de alto risco. Vamos continuar a usar máscaras, mesmo com o advento da vacina. Essa será um coadjuvante a mais na luta contra a pandemia iniciada na China.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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