Anchieta foi o local escolhido para comemorar meu aniversário

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 06 de fevereiro de 2024

Como faço há três anos, resolvi, mais uma vez, viajar para comemorar meu aniversário, que este ano cai exatamente no dia da publicação dessa coluna. Em 2020 fui para Fernando de Noronha, em 2021 a pandemia impediu viagens e em 2022 e 2023 meu destino foi a cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul. Esse ano, com o carnaval muito próximo, fugi das viagens aéreas e escolhi uma cidade não muito distante de Friburgo.  Daí ter escolhido Anchieta, no Estado do Espírito Santo, um balneário mais tranquilo, mas muito bonito e com várias praias a serem visitadas desde as ditas selvagens, como as de Quitiçaba e do Além, até as mais badaladas como as de Ubu e Castelhanos.

Conheci Anchieta há exatos 40 anos e o que mais me chamou a atenção, naquela ocasião, foi a sensação de paz que ela transmitia, principalmente quando se contemplava o mar, lá do alto do Santuário de Anchieta. O nome da cidade é uma homenagem ao padre José de Anchieta que fundou, no ano de 1569 uma aldeia jesuítica com o nome de Iriritiba ou Reritiba, termo de origem Tupi que significa muitas ostras. Foi erigida para o trabalho de catequese dos indígenas, da nação dos Tapuias. Também se sabe que a primeira Igreja Nossa Senhora da Assunção e residência dos jesuítas, que posteriormente deu origem ao Santuário Nacional de São José de Anchieta, são datados de 1579. A cela que Anchieta ocupava nesse local, onde passou a residir a partir de 1587, existe até hoje e pode ser visitada. Com a saúde bastante debilitada, pois segundo a história ele sofria de Tuberculose Óssea desde os 16 anos, foi esse o local que ele escolheu para passar seus últimos anos de vida, vindo a falecer em 9 de junho de 1597.

Essa sensação de paz existe ainda hoje, pois apesar de ter crescido, a cidade ainda ostenta aquele ar de cidade do interior onde o tempo corre tranquilo, sem os atropelos das mais desenvolvidas como é o caso de Nova Friburgo. Anchieta tem no turismo uma das suas fontes de renda e seu grande número de praias fez surgir muitas pousadas e hotéis que fazem com que ela seja bem movimentada no verão. Mas nada que se iguale à Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Afinal, em 2022 sua população não ultrapassava os 30 mil habitantes.

Escolhi o hotel Pontal de Ubu, talvez o melhor da cidade, que tem um diferencial na sua história. O projeto paisagístico foi feito em 1989 por Burle Marx, urbanista reconhecido mundialmente e que junto com Oscar Niemeyer, foi um dos idealizadores de Brasília. Projetado sobre um penhasco, tem uma bela vista panorâmica; de um a lado imensidão azul do oceano Atlântico e do outro, a delicadeza de uma enseada de águas claras e calmas com as montanhas que enriquecem ainda mais esse paraíso.

Construído na vila de pescadores chamada Ubu, ele possui uma área edificada de sete mil metros quadrados situado num terreno de 44 mil metros quadrados, de mata atlântica, o que lhe garante um ar puro e o contato direto com a natureza. De acordo com a lenda o nome ubu vem do tupi guarani e significa cair. Após sua morte, padre José de Anchieta foi carregado até Vitória, onde foi enterrado. No caminho, nos arredores de Ubu, o corpo caiu no chão e um indígena gritou “aba ubu”, ou seja, o padre caiu.

O hotel tem quartos amplos, muito bem conservados o que não lhe dá a sensação de coisa antiga, tem uma piscina com um bar aquático, um salão especial para pizzas, fora o restaurante, uma academia de ginástica muito bem montada, sauna, campo de futebol soçaite, uma quadra de tênis e amplo espaço para caminhadas. Pode-se ir a pé às praias de Ubu, do Além e Quitiçaba.

Com relação ao restaurante, ele é capitaneado pelo chef Igor T. de Castro, de uma educação ímpar e de uma mão maravilhosa para bolar pratos deliciosos. A muqueca à capixaba, o polvo à moda do pontal, o peroá gratinado com batata frita e farofa de panko são excelentes. Isso sem contar os drinks, onde a pina do pontal é muito saborosa. O segredo é que ao invés de colocar leite condensado, faz-se um creme de coco triturado com leite de coco e açúcar, suco de abacaxi, gotas de limão e uma dose de rum. A vantagem em relação à pina colada é que não fica tão doce. Uma curiosidade é que o preço da alimentação não é diferente dos demais restaurantes da cidade, o que o torna uma boa pedida quando se prefere curtir o Hotel.

Aliás, o que não falta em Anchieta são praias. Na segunda visitamos a do Castelhanos, na realidade um mini balneário, com uma extensão de aproximadamente três quilômetros. Vários quiosques servindo bebidas, petiscos e até refeição completa, além de muitos restaurantes com a comida típica capixaba. Nesse dia comemos no restaurante Papaco´s, um camarão servido no coco com arroz, banana da terra e batata frita que estava uma delícia. De lá seguimos para a praia de Guanabara que é um santuário natural onde tartarugas marinhas colocam seus ovos. É uma reserva ecológica, o Projeto Tamar, com monitoramento constante das áreas cercadas, onde esses ovos são depositados. Na realidade, são 14 praias ao longo do litoral da cidade.

Na quinta feira, 8, retornaremos para Friburgo, pois a proximidade do carnaval desaconselha viagens nessa época. Valeu a pena e um breve retorno não está descartado. Afinal, quando aqui vim pela primeira vez, o santuário da cidade chamava-se José de Anchieta, pois naquela época nem beato ele ainda era. Ele o foi em 22 de junho de 1980 e tornado santo em 3 de abril de 2014.

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