Adeus a Carlos Alberto Chaves

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A turma de junho de 1974, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) está de luto com a morte, no último sábado 21, de seu querido colega Carlos Chaves, o popular Carlinhos. É um luto doído, pois ele foi durante todos esses anos um grande incentivador, juntamente com nossa colega Eliane, de nossos encontros comemorativos da formatura, que se realizam de cinco em cinco anos. O último, no hotel Porto Belo, em Mangaratiba, quando festejamos 45 anos de formados, em 2019, foi um sucesso total e, infelizmente, o último dele entre nós. Tenho certeza que nos próximos, ele estará sempre presente, em espírito, realizando as coisas que mais gostava de fazer que eram ajudar, participar e divertir os colegas.

O destino vive a nos pregar peças, pois ele é implacável quando se trata de seguir seu objetivo. Carlinhos foi tirado de nosso convívio por complicações dessa maldita gripe chinesa; foram mais de 30 dias de internação, na ala destinada aos infectados pelo vírus da Covid-19, no Hospital Naval Marcílio Dias, sendo que pelo menos durante quatro semanas permaneceu entubado no CTI. O triste disso tudo é que ele foi incansável na distribuição das vacinas contra a Covid-19, no período em que foi secretário de saúde do Estado do Rio de Janeiro, entre setembro de 2020 e maio deste ano.

Como exímio piloto de helicóptero que era, muitas vezes pilotou aqueles da Polícia Civil ou do Corpo de Bombeiros, para agilizar a entrega dos imunizantes, nos 92 municípios que fazem parte do estado. Como foi membro atuante do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), tinha acesso a esses helicópteros.

O Palácio Guanabara decretou luto oficial de três dias pela morte de Chaves. Em nota de pesar, divulgada no dia de sua morte, o governador Cláudio Castro afirmou que Chaves era "incansável na luta por salvar vidas no meio desta pandemia".

Aliás, foi emocionante durante seu velório, no Memorial do Carmo, no Caju, os voos rasantes de três aeronaves dessas instituições, que depois se posicionaram em cima do Memorial e deixaram cair uma chuva de pétalas de rosas. Era a última homenagem daqueles que com ele trabalharam e conviveram com seu espírito incansável de auxiliar os que necessitavam ou precisavam da atuação firme do estado. Apesar de ter conseguido vacinar muita gente e protegê-la das complicações da doença, sua vida não foi poupada. Resta a certeza de que cumpriu a sua missão.

Seus filhos ficaram órfãos de um paizão, seus colegas de faculdade viram se abrir uma lacuna que jamais será preenchida. Somos todos setentões ou oitocentões, vários de nós já partiram e receberão Carlinhos de braços abertos, pois ele sempre foi e continuará estimado por todos. Nossos encontros permanecerão e mais do que nunca devem ser antecipados, pois a idade vem chegando e a família e os verdadeiros amigos são o legado mais importante que a vida nos dá.

A sensação de perda para os que ficam é muito grande, a saudade imensa e só a lembrança dos tempos em que todos conviviam no dia a dia da faculdade, das brincadeiras, das noites insones de estudo ou de plantões, das festas e viagens nos dão forças para continuarmos nosso caminho até o dia em que partiremos ao encontro dos que se foram.

Descanse em paz Carlinhos e lá do alto zele por nós. Aqui na Terra, continuaremos a lembrar de você e do prazer e alegria que foi nossa convivência durante todo esse tempo.

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