Nosso futuro?

terça-feira, 23 de junho de 2020

Para pensar:

"Poder é sempre perigoso. Atrai o pior e corrompe o melhor.”

Mitologia Viking

Para refletir:

“Alegrias são dádivas do destino que demonstram seu valor no presente. Sofrimentos, ao contrário, são fontes do conhecimento cujo significado se mostra no futuro."

Rudolf Steiner

Nosso futuro?

Em conversa com Lucas Giavoni, jornalista de Sorocaba-SP, o colunista coletou alguns dados que são representativos também do que se passou em Campinas-SP e Curitiba-PR, entre outras grandes cidades do Brasil, e que talvez possam servir como referência para nossa própria realidade ao longo das próximas semanas.

Reabertura

Resumindo rapidamente, Sorocaba tem pouco mais que o triplo de habitantes de Nova Friburgo, apesar de territorialmente não chegar à metade de nossa área.

Por lá o comércio foi reaberto nos moldes da fase 2 (laranja) do governo paulista no último dia 1º, quando o cenário era: 995 casos confirmados de Covid-19, com 46 óbitos, 39 pacientes internados e 910 recuperados ou em recuperação.

Em essência, o comércio de rua tinha autorização para funcionar das 9h às 13h, ao passo que concessionárias, shoppings e escritórios em geral operavam das 15h às 19h.

Recuo

Ontem, 22, o município paulista foi obrigado a retornar à fase 1 (vermelha), diante do acentuado agravamento dos índices durante o período de reabertura.

Dados do dia 20 indicavam 3.240 casos confirmados, 91 óbitos, 89 internados, 350 em isolamento domiciliar e 2.710 recuperados.

Cuiabá-MT também vive situação semelhante, considerando estender o toque de recolher para às 20h, rodízio de carros, redução da frota de ônibus e fechamento de bares como medidas de biossegurança.

Exceção

Em Fortaleza-CE, por outro lado, parece haver evidências de uma reabertura ainda sob controle, embora no interior do Ceará a realidade seja bem menos positiva.

O clima equatorial é provavelmente um fator importante nessa equação, o que em tese nos alinharia muito mais às realidades de Sorocaba, Campinas e Curitiba do que à da capital cearense.

Mas, claro, somente o tempo nos dirá isso ao certo.

Bom senso

O maior problema no Brasil, de fato, tem sido a falta de bom senso para lidar de maneira amadurecida com a situação.

Politização, negacionismo, notícias falsas e interesses infiltrados se uniram em favor da criação de teorias conspiratórias segundo as quais o vírus seria pouco mais que um pretexto para levar adiante um plano maquiavélico, que só à custa da adoção de pressupostos muito descolados da realidade consegue parecer crível, e capaz de beneficiar alguém.

Autossabotagem

Tivéssemos bom senso coletivo, estaríamos agora buscando informações confiáveis e atualizadas, e discutindo tudo o que poderia estar sendo feito, dentro de limites possíveis e respeitados por todos, a fim de preservar a capacidade produtiva sem comprometer (ou comprometendo o mínimo possível) à saúde pública.

Em vez disso, diversas aglomerações injustificáveis têm se repetido a título de disputa política, provocação, ou simplesmente descrença ou descaso em relação aos riscos existentes.

Entraves

Para piorar, o governo estadual continua a dar sinais de estar sob a influência de interesses incompatíveis com o bem comum.

A segunda troca do secretário de Saúde no intervalo de um mês - e mais que isso, o contexto e as declarações em que tudo se deu - sugere a atuação de uma máquina viciada, repleta de entraves aos princípios da boa gestão, enraizada a ponto de se manter ativa governo após governo.

Margem

A notícia de que um estudo da Secretaria estadual de Saúde recomendou a não abertura dos cinco hospitais de campanha que já foram erguidos mas ainda não foram inaugurados - um dos quais aqui mesmo, em Nova Friburgo - não chega a surpreender, diante do histórico recente de escândalos nascidos no Palácio Guanabara.

De fato, no momento atual existe margem em nossa cidade para que se possa debater algum nível de flexibilização, e os leitos do hospital de campanha ainda não fizeram falta.

Mas, e se acontecer por aqui o que aconteceu em Sorocaba?

Perguntar não ofende

A possibilidade de preservação da economia não justificaria os custos dos leitos?

E os gastos que já foram assumidos para a criação destes hospitais?

Será que já serviram ao propósito que verdadeiramente os justificou?

Em tempo

Às 9h40 desta segunda-feira, 22, a ocupação da estrutura de Covid do Hospital Raul Sertã era a seguinte: sete dos 17 leitos de enfermaria ocupados (41%); cinco dos dez de CTI ocupados (50%); e três pacientes em intubação orotraqueal (IOT).

E brigamos por eles...

Falamos sobre o governo estadual, e isso nos dá o gancho para um registro interessante.

Certo grupo político de nossa cidade, que nos últimos meses representou uma enorme decepção para este colunista, tem feito ataques muito pesados e sistemáticos à gestão do governador Wilson Witzel.

E até aí tudo bem, faz parte do jogo e não faltam motivos para críticas mesmo.

Mas… Daí vem o convite para um cargo de direção num instituto, e o que acontece?

Aceita-se, claro. Afinal, é disso que tudo se trata, não?

Vale tudo? (1)

O leitor sabe bem que, num país como o nosso, fiscalizar, denunciar e enfrentar interesses nocivos à coletividade é coisa que demanda certo desprendimento, uma vez que ainda há quem recorra a práticas intimidatórias como forma de desestimular iniciativas que aproximem o mundo como ele é daquilo que deveria ser, dentro das regras do pacto social.

Afinal, quem tem privilégios tem dinheiro, e disposição para gastá-lo em defesa do fluxo de caixa.

Vale tudo? (2)

Pois bem, na atual legislatura friburguense o vereador Wellington Moreira é um dos poucos que conserva o perfil fiscalizatório e, assim como já aconteceu a alguns de seus pares, tal postura rendeu algumas tentativas de intimidação.

No ano passado houve ao menos dois episódios, e no último mês foram outros dois.

O mais recente deles ocorreu na manhã desta segunda-feira, 22, quando um homem que em momento algum tirou o capacete o procurou em sua casa afirmando que tinha uma entrega para fazer.

Aspas

“A nossa sorte foi que o objeto que estávamos esperando era de tamanho incompatível com a pequena caixa que o homem portava. Também foi possível observar que o baú da moto estava vazio, e mais tarde testemunhas confirmaram que haviam estranhado a forma como esta pessoa estava observando minha residência, antes de tocar o interfone. Eu não posso assegurar que ele estava armado, mas foi nítida a impressão que tive, pela forma como mexeu em um objeto metálico na cintura.”

Trinta minutos após esta abordagem suspeita, o objeto aguardado foi efetivamente entregue, por profissional devidamente identificado...

Contexto

O vereador Wellington tem feito algumas denúncias contundentes nos últimos dias, e foi orientado pela própria Polícia Civil, durante o registro da ocorrência, a dar visibilidade ao caso como forma de reforçar sua própria segurança.

É justamente em razão desta recomendação que a coluna abriu espaço para registrar o episódio.

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