Tomba um Homem: A morte de Américo Ventura Filho

Há 50 anos

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Coluna que mostra o que foi notícia em A Voz da Serra 50 anos atrás.

sábado, 04 de março de 2023

Edição de 03 e 04 de março de 1973 

Pesquisado por Nathalia Rebello (*)

Manchetes 

Tomba um Homem - Com a morte de Américo Ventura Filho (22-08-1907 - 23-02-1973) foi encerrado um capítulo na história de Nova Friburgo. De origem modesta, as circunstâncias e sua natureza o transformaram num autodidata nas múltiplas atividades que desenvolveu na vida, toda vivida em função de sua comunidade e de sua família. Foi um autodidata mas, tivessem as circunstâncias o favorecido, seria um mestre em qualquer especialidade, pois, fibra, determinação e curiosidade jamais lhe faltaram. Ferroviário, comerciante, industriário, funcionário de nossa Câmara Municipal e, logo após, funcionário da prefeitura, deixou seu nome gravado como secretário e homem de confiança de diversos prefeitos. Jornalista, desde 1954, jamais exerceu atividade em outro jornal que não fosse a nossa A VOZ DA SERRA onde, começando por baixo, e alcançando a direção, marcou com o ferrete de sua forte e singular personalidade os caminhos seguidos.

Nesta edição especial, sua personalidade é analisada por Nelson Kemp (jornalista), José Côrtes Coutinho (jornalista e educador), Pedro Cúrio (jornalista), Juvenal Marques (jornalista e poeta), Augusto Cláudio Ferreira (Juiz do Trabalho e jornalista), Pedro Paulo Cúrio (o nosso colunista W. Robson), Séven-Avlis (poeta) e Ezidio Assis (poeta) e também por uma carta de sua filha Dalva Maria Ventura Marques, entre outros. Confira alguns depoimentos: 

“Américo Ventura Filho vinha de uma época em que a palavra valia mais que um documento assinado” Ventura tombou - por glória de tudo que ele foi - nos braços da história de Nova Friburgo. Venturinha: Um exemplo a seguir… Autodidata, ensinara-lhe a família as diretrizes certas da vida. Era no tempo em que árvores copadas davam galhos frondosos, ornamentando as montanhas friburguenses, homens e mulheres, ao lado dos pais, na luta cotidiana. Descendia de um desses troncos luso-brasileiros, pois o seu progenitor era filho de Antônio José Ventura - o valoroso português que se empenhou a construir a cidade. E seu pai - Américo - ajudava o bom mestre de obras, ao lado da sua Margarida, toda a numerosa família Ventura unida, amando os filhos, que se criavam sob o olhar materno, aprendendo, estudando, trabalhando, no esforço de dar a todos conforto e recursos para a peleja, que era cada vez mais difícil. E um filho, com o nome do pai, foi se educando naquele meio respeitoso, amoroso, familiar, cada um obediente às ordens dos pais. E Américo Ventura Filho se fez pelo seu esforço, no ambiente que ele conhecera na juventude, casando-se, mas indo diariamente retomar a bênção à sua velha mãe. Com aqueles costumes dos antepassados, ele foi criando os filhos e, muito cedo, perdeu a adorada companheira - a educadora Lourdes Rangel Ventura, sofrendo golpe brutal. Numa angústia terrível, continuou a dar aos filhos o tratamento da mãe saudosa, a mais nova - Dalva - mereceu os seus maiores cuidados. Depois de funcionário municipal, dos mais capazes, Venturinha assumiu a direção da A VOZ DA SERRA, envolvido na política, firme, ereto, leal, disciplinado - um Homem do Tempo Antigo - e tomou parte nas batalhas partidárias, enfrentando os adversários, mas dentro daquela linha que lhe traçaram o avô e o pai, na compostura moral de chefe de família exemplar, incapaz de um deslize, amigo de seus amigos, devotado à sua terra natal, primeiro Friburgo e, depois, o resto… Ouvia-lhe seus conselhos, gostava de sentir a sua opinião sobre os problemas em foco e eu me convencia de que Venturinha não era o homem para o momento em que vivemos, as demissões em massa de antigos colegas o perturbam e ele não estava satisfeito com os caminhos escuros por onde vai a sua idolatrada terra… E, por ela, morreu! Até breve, querido companheiro!” - Nelson Kemp  

“Excepcional figura humana. Aqueles que o conheceram, os que com ele conviveram, parentes, amigos, poderiam resumir numa frase a biografia de Américo Ventura Filho. Excepcional na singularidade do caráter. Não se media pela craveira comum nem se bitola nos estreitos limites do convencionalismo que a sociedade impõe. Excepcional pela individualidade própria, que não copia ninguém e a ninguém toma por modelo, antes se impõe por atitudes firmes, desassombrada por vezes, sem que melindres feridos ou interesses contrariados lhe impeçam a caminhada na busca do que julga ser correto, honesto e compatível com a dignidade do cidadão. Assim era Ventura: sempre digno, coerente consigo mesmo, ereto de corpo e de atitudes, coerente nas suas convicções, inflexível na dedicação aos amigos, solidário na horas difíceis, incomparável no amor aos pais, aos filhos, aos irmãos, jornalista “sem medo e sem mácula" pena, cérebro e coração à serviço das causas da comunidade, íntegro até a medula, um homem bom, visceralmente bom - e o posso dizê-lo ao longo de um convívio de mais de trinta anos - qualidades que procurava esconder sob o verniz de uma estudada rudeza, para que não lhe percebessem o que, talvez, considerasse uma fragilidade de caráter. Traçou uma linha reta como a imagem geométrica de sua vida. E dela não se afastou. Felizes os que podem imitar-lhe o exemplo. Assim era Américo Ventura Filho. Obrigado Ventura” - José Cortes Coutinho

Sociais

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Jofre Salerno Fabris, Hubert Joepgens, Inês Mello e Manuel Delmiro Amoedo Cima (5); Geraldo Namem e Maria Elizabeth Cariello (6); Carlos Alberto Serrapio Cardoso (7); Regina Maria Ferreira das Neves, Paulo Murilo Cúrio e Nair Egger (8); Amália Vasconcelos Lompreta, Lucy Azevedo Soares da Silva e Walter Wirdmann (9); Alice Ventura Vidal, José Vasconcellos Coutinho, José Carlos Chevrand e Terezinha de Almeida (10).

 

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