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Vinicius Gastin

Esportes

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Ciclovias crescem no Brasil, mas sem investimento, ritmo é lento

Com um aumento de 4% no último ano, as ciclovias brasileiras juntas somam 4,3 mil quilômetros de extensão. Mas tanto o número absoluto de ciclovias, quanto o percentual de crescimento delas, ainda é considerado muito pequeno diante do crescimento populacional do país. Enquanto as ciclovias aumentaram 169 quilômetros entre 2022 e 2023, a população aumentou em mais de um milhão de habitantes nesse mesmo período. 

O levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas — Aliança Bike — ouviu todas as prefeituras das capitais brasileiras por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Palmas (TO) teve aumento na malha cicloviária de 39,8% no período, seguida por Maceió (AL), com aumento de 27%, e Brasília-DF, que cresceu 20,8%. 

Em Nova Friburgo, há ciclofaixas (chamadas de vias compartilhadas, onde ciclistas dividem o mesmo espaço com pedestres) em algumas avenidas da cidade, no trecho compreendido entre a Rua Duque de Caxias, no Centro, e o trevo de Duas Pedras. Contudo o projeto original – de meados de 2014 - também previa espaços na Avenida Alberto Braune, por exemplo, mas não foi concluído.

De fato, o crescimento da malha cicloviária brasileira ainda é muito pequeno, porque o Brasil se mantém como um país rodoviarista e que não prioriza outros meios de transporte.

Carlos Penna Brescianini, pesquisador em mobilidade urbana e por mais de 10 anos coordenador do Metrô-DF, avalia que não existe segurança para o ciclista se não houver segregação com o motorista. Ele ainda ressalta que para se ter um bom sistema de ciclovias duas características são fundamentais.

“A primeira coisa é que ciclovia tem de ser por inteiro, ela não pode ser seccionada. Tem de ser conectada de maneira segura, de forma que o ciclista faça todo o percurso em segurança, sem ficar disputando espaço com o automóvel.”

Outro ponto fundamental para Brescianini é que haja integração com outros meios de transporte. “A ciclovia tem que ser ligada e fazer parte de um sistema maior de transporte público em que esse sistema se conecte às estações de metrô — que é o grande sistema de transporte público por excelência — que a pessoa possa tanto deixar sua bicicleta no bicicletário da estação, quanto levar sua bicicleta no vagão do trem.” 

Para debater essas e outras questões relativas ao uso da bike nas cidades, uma das associações de cicloativismo mais antigas do país — a Rodas da Paz — promoveu, na última semana (entre 04 e 08 de setembro) o 13º Fórum Mundial da Bicicleta. Um evento que reuniu cicloativistas e ciclistas de diversas partes do mundo para desenhar as prioridades ligadas ao modal. “Salve o planeta, Pedale” foi o tema desta edição do evento.

“Nossa luta é para que a bicicleta seja tratada com o mesmo status dos outros veículos. Ao contrário do carro, que quando se movimenta produz gás carbônico e gera efeitos negativos para o meio ambiente e para a saúde da coletividade, cada pessoa que deixa de usar um carro e usa uma bicicleta, deixa de poluir, cuida da própria saúde e deixa de ser um problema para o SUS”, explica a coordenadora de comunicação da Rodas da Paz, Ana Julia Pinheiro.

Para a coordenadora, eventos como esses são “o tipo de luta que pode se fazer junto para que o movimento ganhe força e para que se construam ciclovias de qualidade, além de estruturas cicloviárias que fomentem o uso do modal de forma segura para o ciclista e que beneficiam a saúde do planeta”.

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    Crescimento das ciclovias no Brasil ainda carece de mais investimentos (Foto: Reprodução Rovena Rosa / Agência Brasil)

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    Em Nova Friburgo, projeto original previa espaço na Alber-to Braune; houve avanços, mas sem conclusão (Reprodução / Secretaria de Projetos PMNF)

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