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Vinicius Gastin
Esportes
Ciclovias crescem no Brasil, mas sem investimento, ritmo é lento
Com um aumento de 4% no último ano, as ciclovias brasileiras juntas somam 4,3 mil quilômetros de extensão. Mas tanto o número absoluto de ciclovias, quanto o percentual de crescimento delas, ainda é considerado muito pequeno diante do crescimento populacional do país. Enquanto as ciclovias aumentaram 169 quilômetros entre 2022 e 2023, a população aumentou em mais de um milhão de habitantes nesse mesmo período.
O levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas — Aliança Bike — ouviu todas as prefeituras das capitais brasileiras por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Palmas (TO) teve aumento na malha cicloviária de 39,8% no período, seguida por Maceió (AL), com aumento de 27%, e Brasília-DF, que cresceu 20,8%.
Em Nova Friburgo, há ciclofaixas (chamadas de vias compartilhadas, onde ciclistas dividem o mesmo espaço com pedestres) em algumas avenidas da cidade, no trecho compreendido entre a Rua Duque de Caxias, no Centro, e o trevo de Duas Pedras. Contudo o projeto original – de meados de 2014 - também previa espaços na Avenida Alberto Braune, por exemplo, mas não foi concluído.
De fato, o crescimento da malha cicloviária brasileira ainda é muito pequeno, porque o Brasil se mantém como um país rodoviarista e que não prioriza outros meios de transporte.
Carlos Penna Brescianini, pesquisador em mobilidade urbana e por mais de 10 anos coordenador do Metrô-DF, avalia que não existe segurança para o ciclista se não houver segregação com o motorista. Ele ainda ressalta que para se ter um bom sistema de ciclovias duas características são fundamentais.
“A primeira coisa é que ciclovia tem de ser por inteiro, ela não pode ser seccionada. Tem de ser conectada de maneira segura, de forma que o ciclista faça todo o percurso em segurança, sem ficar disputando espaço com o automóvel.”
Outro ponto fundamental para Brescianini é que haja integração com outros meios de transporte. “A ciclovia tem que ser ligada e fazer parte de um sistema maior de transporte público em que esse sistema se conecte às estações de metrô — que é o grande sistema de transporte público por excelência — que a pessoa possa tanto deixar sua bicicleta no bicicletário da estação, quanto levar sua bicicleta no vagão do trem.”
Para debater essas e outras questões relativas ao uso da bike nas cidades, uma das associações de cicloativismo mais antigas do país — a Rodas da Paz — promoveu, na última semana (entre 04 e 08 de setembro) o 13º Fórum Mundial da Bicicleta. Um evento que reuniu cicloativistas e ciclistas de diversas partes do mundo para desenhar as prioridades ligadas ao modal. “Salve o planeta, Pedale” foi o tema desta edição do evento.
“Nossa luta é para que a bicicleta seja tratada com o mesmo status dos outros veículos. Ao contrário do carro, que quando se movimenta produz gás carbônico e gera efeitos negativos para o meio ambiente e para a saúde da coletividade, cada pessoa que deixa de usar um carro e usa uma bicicleta, deixa de poluir, cuida da própria saúde e deixa de ser um problema para o SUS”, explica a coordenadora de comunicação da Rodas da Paz, Ana Julia Pinheiro.
Para a coordenadora, eventos como esses são “o tipo de luta que pode se fazer junto para que o movimento ganhe força e para que se construam ciclovias de qualidade, além de estruturas cicloviárias que fomentem o uso do modal de forma segura para o ciclista e que beneficiam a saúde do planeta”.
Vinicius Gastin
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