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Pela paz
Vinicius Gastin
Esportes
Ministério do Esporte lança campanha para combater a violência nos estádios
Durante a partida entre Bahia e São Paulo, no dia 05 deste mês, o setor Sudoeste da Arena Fonte Nova apresentou uma cena marcante: 384 cadeiras vazias cobertas com camisas de diversos times brasileiros. As 'cadeiras vazias' fizeram alusão às consequências muitas vezes irreparáveis da violência: pessoas deixam de ir aos estádios por medo, times precisam jogar de portões fechados como punição e há a ausência permanente das vítimas fatais.
A campanha ainda reflete não somente sobre as violências extremas, que ceifam vidas e arruínam famílias, mas também sobre outras formas graves, como racismo, homofobia, xenofobia, agressões contra a mulher e intolerância religiosa. Todos esses atos levam as pessoas a se afastarem dos estádios e até mesmo a se desencantarem para sempre com o futebol, que é um dos maiores pilares da identidade cultural do país.
A ação faz parte do lançamento da campanha Cadeiras Vazias e do Movimento de Ocupação pela Paz no Futebol, iniciativas do Governo Federal por meio do Ministério do Esporte, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg) e os principais clubes do futebol brasileiro, que têm como objetivo promover a paz nos estádios, e criar um ambiente seguro na adoção de comportamentos positivos e na denúncia de atos de violência.
O número de cadeiras simbolizou o total de vítimas fatais de violência no futebol entre 1993 e 2023, conforme levantamento do jornalista esportivo Rodrigo Vessoni. “Essa campanha é um marco importante no combate à violência nos estádios. Nosso trabalho é para que o futebol, e o esporte no geral, seja um espaço de união, não de violência. Queremos que a paz ocupe os estádios e que crianças, jovens, adultos, idosos, famílias, todos possam torcer juntos, com segurança. A mudança de cultura é construída no dia a dia, com diálogo e ações que mostrem o impacto real da violência. Nosso objetivo é que o futebol seja um ambiente seguro para todos e que o amor pelo esporte sempre supere qualquer rivalidade”, afirma o ministro do Esporte, André Fufuca.
Durante o evento, jogadores dos dois clubes e torcedores foram engajados em atividades de conscientização, promovendo uma mensagem clara de que todos – sociedade civil, autoridades e instituições esportivas – têm um papel fundamental na construção de um ambiente pacífico no futebol.
“É com muita satisfação que a Anatorg recebe o convite para participar da campanha Cadeiras Vazias, do Ministério do Esporte. Desde 2014, quando foi fundada, nossa entidade vem trabalhando para estreitar o diálogo entre as torcidas organizadas de todo o Brasil, autoridades e representantes governamentais. A campanha Cadeiras Vazias traz uma reflexão sobre a violência inserida na sociedade e no esporte. O trabalho em conjunto é fundamental para somarmos esforços e começarmos a reverter essa triste realidade. Dessa forma, políticas públicas têm que ser implementadas para conseguirmos alcançar esses torcedores e a sociedade em geral”, opina Luiz Cláudio do Carmo do Espírito Santo, presidente do Conselho Administrativo da Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg).
“A expectativa é que todos os envolvidos – clubes, federações, torcedores e autoridades – assumam uma postura ativa e comprometida na prevenção da violência. O combate à violência nos estádios é uma prioridade do Ministério do Esporte e do Governo Federal, mas é também responsabilidade compartilhada, e cada um deve fazer a sua parte para proteger o verdadeiro espírito do futebol. Além de medidas para conscientização e promoção da paz, acredito que punições justas e rigorosas para atos de violência vão ajudar a criar ambientes cada vez mais acolhedores”, completa André Fufuca.
Parentes de algumas das vítimas fatais estiveram presentes no estádio da Fonte Nova para participar do ato simbólico pela paz. Desde o dia 07 de novembro, a sustentação da campanha Cadeiras Vazias é impulsionada nas redes sociais com diversos conteúdos a serem compartilhados por atletas, ex-atletas, clubes, torcidas organizadas, influenciadores e outras personalidades. Usando as hashtags #OcupaçãoPelaPaz e #PazNoFutebol, as publicações exibirão peças da campanha, minidocumentários com depoimentos carregados de emoção e saudade de familiares de vítimas, informações sobre o panorama da violência no futebol e medidas propostas pelo Movimento de Ocupação pela Paz no Futebol.
Vinicius Gastin
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