Uso abusivo de álcool cresce durante a pandemia

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Durante algum tempo, por conta da pandemia da Covid-19 foi necessário o isolamento social, que até então, era a única forma de frear a disseminação da doença. Contudo, a privação do contato interpessoal fez com que muitas pessoas buscassem novas formas de entretenimento.

Os restaurantes e encontros de grupos deram lugar às videochamadas com amigos e parentes, lives musicais de artistas e tudo isso sempre acompanhado de um drink preparado em casa, uma cervejinha gelada ou um vinhozinho na cama.

Com os estabelecimentos comerciais fechados, o bar se transferiu para dentro de casa de vez. Dados da plataforma Compre e Confie revelam que desde o início da pandemia até maio, deste ano, a venda de bebidas alcoólicas saltou 93,3% se comparado com o mesmo período de 2019.

Ainda, muito além do entretenimento, tiveram àqueles que não ingeriam álcool por lazer, mas sim como válvula de escape pela forte ansiedade que acometia a todos. O estresse de sentir-se trancado dentro de casa, o temor pela perda da fonte de renda familiar ou pela ociosidade de não fazer nada o dia inteiro, contribuiu significativamente para o aumento da ingestão de bebidas étílicas.

Fato é que beber em casa se tornou rotina na vida de muitas pessoas que passaram a ingerir álcool com muito mais frequência. A falta de rotina e os dias muito parecidos fizeram as pessoas esquecerem em qual dia da semana estavam. Assim, quem bebia somente nos finais de semana já não seguia mais essa regra.

É o que mostra a pesquisa feita pela Organização Pan-Americana de Saúde que realizou uma entrevista com diversos candidatos em 33 países e concluiu que quase metade dos entrevistados, 42%, relatou alto consumo de álcool nos tempos de confinamento.

De volta ao “novo normal” e com os devidos cuidados

Contudo, os tempos de lockdown ficaram para trás. O Brasil, atualmente, encontra-se em estado avançado de vacinação e aos poucos as políticas públicas vêm sendo flexibilizadas para caminharmos ao que podemos chamar de “novo normal”.

 Fato é que, todos esperavam ansiosamente pelo retorno às atividades sociais. Quem não estava com saudades de frequentar um restaurante ou poder encontrar com os amigos e fazer àquela aglomeração que o brasileiro gosta? E as festividades? Passar o Natal com toda a família reunida e sem medo era um desejo latente nos nossos corações. E não vou nem entrar no mérito da expectativa do próximo carnaval.

Em contrapartida, é interessante vermos que o consumo de álcool que antes era para diminuir o estresse ou para passar o tempo ocioso em casa, não diminuiu. O sentimento que paira é que as pessoas estão bebendo ainda mais para correr atrás do “tempo perdido” em que passaram em confinamento social.

A nutricionista Izabella Bonin, pós graduanda em nutrição esportiva e estética, alerta que o uso recreativo do álcool em si não é o grande problema, mas sim o seu consumo feito de forma não moderada, que pode trazer graves prejuízos à saúde.

“O consumo de álcool em excesso pode gerar diversas doenças e as principais são àquelas ligadas ao fígado, como a esteatóse hepática, conhecida popularmente como ‘gordura no fígado’. Esse é o estágio inicial e sem o tratamento adequado pode evoluir para quadros mais graves como a cirrose alcoólica, por exemplo”, instrui Izabella.

Por fim, a nutricionista explica: “A ingestão, em excesso, de bebidas etílicas pode gerar outras doenças, que apesar de não estarem ligadas diretamente ao álcool, possuem grande influência em quadro mais graves de gastrite, impotência sexual, infarto, trombose, hipertensão, dentre outras”.

Fato é que o consumo de álcool em excesso traz sérios riscos à saúde e devemos ter cautela com o discurso de “correr atrás do tempo perdido”. Todo cuidado é pouco e nosso corpo é um só.

Não se pode deixar que o consumo por lazer se torne um vício, o alcoolismo, que é uma doença extremamente silenciosa para quem é acometido. Se você achar que possui problemas com o uso abusivo de álcool ou quer ajudar alguém, busque ajuda.

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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