Número de eleitores adolescentes: o menor da história

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Somente um em cada dez jovens entre 16 e 17 anos se interessou até o momento em tirar o título de eleitor para votar neste ano. Faltando pouco mais de um mês para o fim do prazo para a emissão do título eleitoral, o Brasil vivencia o menor número de adolescentes que tiraram a permissão eleitoral e estarão aptos a votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aproximadamente oito milhões de adolescentes brasileiros estarão na idade etária hábil para votar pela primeira vez nas próximas eleições, que ocorrerão no fim deste ano, com o primeiro turno marcado para 2 de outubro. De acordo com os dados obtidos pelo último censo do IBGE, esse é o número de moças e rapazes que terão 16 anos completos até o dia do pleito geral.

O TSE registra uma brusca queda na procura dos jovens para tirarem sua carta eleitoral, visto que somente 830 mil jovens possuem o documento até o momento em todo país. Em comparação com as últimas eleições gerais municipais, na mesma época do ano foram mais de 1,4 milhão de pessoas da faixa etária aptas para votar.

Em fevereiro de 2018, o percentual era de 23,3% de jovens habilitados que tiraram o seu título de eleitor, no entanto, em 2022 a margem é de somente 13,6% - menos que ¼ do total dos menores de idade que foram às urnas há três décadas. E a pergunta que fica é: por que o jovem tem se distanciado tanto de exercer os seus direitos políticos? O jovem é o retrato da sociedade em que vive e não somente eles têm abdicado dos seus direitos democráticos.

 As últimas eleições municipais, em 2020, registraram número recorde de pessoas que não votaram. Fato é que o cenário de pandemia fez com que muita gente não comparecesse aos locais de votação, contudo, o que se observa, pelos dados do TSE, é que a cada eleição que passa mais pessoas abdicam de suas escolhas, seja anulando, votando em branco ou não indo votar.

Em 2020, pelo menos 29% dos eleitores brasileiros habilitados não votaram. Nos últimos anos 2018, 2016 e 2014 o índice de abstenções foi menor e ficou em 21%. O percentual diminui ainda se comparado com as últimas eleições dos pleitos municipais de 2012 (19,12%), 2008 (18,09%), 2004 (17,3%) e 2000 (16,2%).

Vivemos uma democracia em nosso país em que o voto ainda é o nosso principal instrumento na escolha dos nossos representantes e os números preocupam. No pleito municipal de Nova Friburgo, quase 30% dos eleitores habilitados não foram votar. As abstenções foram tão expressivas que a soma dos votos dos três candidatos a prefeito mais bem colocados em 2020, chega bem próxima ao número de pessoas que deixaram de votar.

Isso demonstra o crescente desinteresse das famílias em exercer seus direitos democráticos, o que influencia diretamente na educação dos jovens e consequentemente, os afasta ainda mais no exercício das escolhas para o futuro. A falta de identificação política, segundo especialistas, tem grande participação nesses dados, uma vez que os partidos envelheceram e não há espaço para a juventude.

Para o empresário friburguense, subsecretário de Integração da Prefeitura do Rio de Janeiro e secretário municipal de Cultura de Nova Friburgo, em 2017, sendo, na época, o mais novo do Brasil, Marcos Marins, todos nós somos impactados pela política independente da idade e a partir do momento que o jovem consegue perceber que pode fazer algo, ocorre o poder de transformação.

“O jovem que hoje está no ensino médio, amanhã precisará de vagas em universidades, cursos técnicos e profissionalizantes, dependerá de vagas no mercado de trabalho e de um sistema econômico que depende totalmente da política, pública ou interpessoal. Os efeitos positivos e negativos das ações políticas hoje serão sentidos por muitos anos seguintes”, observa Marcos.

É totalmente compreensível a frustração da sociedade com os políticos e com a política – todos nós partilhamos desse sentimento. Mas, em vez de debatermos soluções para a nossa sociedade, por meio de debates e fiscalização de projetos, estamos tentando convencer as pessoas à votarem.

Tudo em nossa vida tem relação com a política seja: no preço da alimentação, na vaga da faculdade, no valor do transporte público, na disponibilidade de leitos nos hospitais. A partir do momento em que abrimos mão de mudar o nosso futuro, não caberá a nós questionar as consequências do presente. O fim do prazo para confecção e legalização do título eleitoral ocorre no dia 4 de maio.

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