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Luzes na avenida, sombras na Câmara

Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
A cidade estava repleta de luzes e foliões nas ruas. Já na Câmara Municipal, a ausência de comprometimento escurece um cenário desolador.
O Carnaval passou, e com ele a explosão de cores, ritmos e alegria que transformaram a cidade em um verdadeiro espetáculo. As ruas iluminadas refletiram o brilho no olhar de foliões que dançaram cheios de glitter sem pensar no amanhã, embalados pelo som contagiante das baterias.
Os blocos arrastaram multidões, a felicidade se espalhou no ar, e a energia vibrante fez com que, por alguns dias, os problemas parecessem simplesmente desaparecer. A cidade pulsou em festa, em um frenesi que fez jus à grandiosidade da celebração e ao espírito festivo que contagiou a todos.
Mas enquanto a cidade brilhou, a Câmara Municipal permaneceu em sombras. No primeiro dia da audiência pública para a prestação de contas da Secretaria de Saúde, os vereadores membros da Comissão de Saúde simplesmente não compareceram. Se na avenida houve luzes e confetes, no plenário houve apenas cadeiras vazias e uma ausência ensurdecedora.
Saúde pública sem urgência?
O tema debatido no primeiro dia foi urgente: a saúde pública, setor que clamou por fiscalização, investimento e soluções. Ainda assim, aqueles que deveriam estar à frente desse debate, buscando respostas e cobrando eficiência, não se fizeram presentes, demonstrando um descompromisso preocupante aos friburguenses.
Foi inadmissível que, enquanto a população enfrentou filas intermináveis, falta de médicos e de insumos básicos, os responsáveis por fiscalizar e garantir a correta aplicação dos recursos públicos simplesmente se ausentaram, às vésperas do Carnaval. A omissão não foi um deslize qualquer: foi um desrespeito àqueles que dependeram do sistema público de saúde.
A cidade esteve repleta de luzes e foliões nas ruas. Já na Câmara Municipal, a ausência de comprometimento escureceu o cenário desolador. A indignação cresceu à medida que os problemas se acumularam e a negligência de quem deveria atuar para solucioná-los se tornou evidente.
A prestação de contas não foi um detalhe burocrático, tampouco um evento protocolar sem impacto direto na vida dos cidadãos. Foi um momento essencial para a transparência e a atribuição da responsabilidade na administração pública daquilo que andou péssimo. Quem foi ou é usuário do SUS não deixa mentir: a situação é preocupante.
Se os vereadores, apesar de receberem um baita salário, não acompanharem e não cobrarem melhorias, quem paga o preço é a população. O Carnaval passou, a alegria dos blocos se dissolveu no tempo, mas os problemas da saúde permanecerão, e a negligência dos responsáveis continuará gerando sofrimento para quem mais precisava.
No primeiro dia de prestação de contas, enquanto alguns vereadores, mesmo sem fazer parte da Comissão de Saúde (Maicon Gonçalves, Marcos Marins, Bruno Silva e a assessoria de Cláudio Damião) compareceram para cumprir o dever cívico de fiscalização, a ausência dos demais escancarou uma triste realidade: para muitos, o compromisso com a cidade se restringiu apenas aos períodos eleitorais.
Em se tratando da possibilidade de um vereador que não pode ir no primeiro dia, seja por qual justificativa plausível que tenha, me pergunto: não seria minimamente responsável pensar na presença de um representante que possa lhe instruir depois? Ouso dizer que é o principal tema na cidade.
Me entristece que ousemos pensar em justificativas para que um representante do povo, que ganha quase R$ 15 mil por mês – fora benefícios -, tenha tantos imprevistos ao ponto de não estar presente ou não mandar sequer um representante para uma prestação de contas da saúde no município.
As luzes do Carnaval iluminaram o centro da cidade, mas a transparência na gestão da saúde seguiu em penumbra, à espera de quem deveria, mas não quis enxergar. Enquanto os confetes coloridos se espalharam pelas ruas e pelas redes sociais dos gestores públicos, nas unidades de saúde o cenário foi de desolação, com pacientes aguardando atendimento e profissionais lidando com a escassez de recursos.
O povo precisa ser prioridade e não apenas um discurso em palanques. Os cidadãos merecem representantes que estejam presentes nos momentos cruciais, que assumam a responsabilidade que lhes foi confiada e que não tratem a saúde pública como um problema menor.
Enquanto as serpentinas enfeitaram o céu da cidade, a população seguiu sem respostas, sem soluções e sem a atenção de quem deveria estar ao seu lado. A festa acabou, mas os desafios continuam exigindo compromisso e ação de quem tem o dever de governar com seriedade e respeito.
A fiscalização deveria ter sido uma prioridade constante, não um compromisso ocasional pelos vereadores.

Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
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