A dura realidade enfrentada pelo setor de eventos

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

As campanhas de vacinação trouxeram esperança de que estaríamos mais perto de retomar a rotina normal, mas o avanço da cepa variante trouxe muitas incertezas que pareciam superadas. O surgimento da Ômicron mexeu muito com a programação dos grandes eventos no início desse ano e quem trabalha no ramo está com medo.

O drama dos artistas e produtores

O setor era responsável por movimentar, anualmente, R$ 250 bilhões em eventos corporativos e R$ 17 bilhões em eventos sociais por todo país. Porém, o cenário atual é de restrições e cancelamentos – o que gera medo tanto para quem atua no ramo quanto para aqueles que contratam esse tipo de serviço.

 Com mais de 15 anos de atuação, o produtor de eventos Raphael Lengruber Lack, conhecido como “Sopinha”, da Lack Produções, explica que parte considerável da receita gerada pelos eventos é essencial para a manutenção de empregos na nossa cidade.

“Pode não parecer, mas o dinheiro que muitas pessoas precisam para manter as contas em dia vem dos eventos. À cada cancelamento, perco não somente a minha renda como deixo de gerar empregos para equipe de segurança, recepcionistas, equipe de som e de iluminação, artistas, garçons, caixas, organizadores, decoradores etc. A cada evento para duas mil pessoas, mais de 100 famílias são empregadas, direta e indiretamente.”

Não somente produtores, mas trabalhadores do setor de eventos vivem sob um sentimento de incerteza e dúvida a respeito de um provável e repentino cancelamento das atividades, que ficaram paralisadas por um longo período. A DJ Bruna Petribú, relata o drama de ter passado meses sem receber um real sequer e teme novos decretos restritivos.

“Não digo nem que tive uma fonte de renda prejudicada, tive uma fonte de renda cortada. Vi meus ganhos reduzidos a zero por meses. Com a retomada dos eventos no final do ano, a minha agenda voltou a ficar cheia, mas no atual momento, o sentimento que fica é o da incerteza com o dia de amanhã, com os novos decretos por conta dos casos de coronavírus. Tenho buscado viver uma semana por vez, mas a procura por trabalhos diminuiu muito e alguns eventos acabam sendo cancelados na última hora.”

Dois pesos e duas medidas

Produtores culturais de Salvador protestaram contra o governador do Estado da Bahia, por meio da campanha “Pega Leve Rui Costa”, após decretos estaduais que cancelaram e adiaram diversos shows. O grupo busca mostrar que a classe não pode ser a única responsabilizada pelo aumento do número de casos. “Sofremos sozinhos as penalidades como se fossemos os vilões da pandemia e os únicos responsáveis pela propagação do vírus”.

E de fato, o grupo não está errado. Mesmo sendo responsável pela geração de muitos empregos, o setor que não é bem visto por parte da sociedade e acaba sendo o mais prejudicado pelos decretos restritivos. Contudo, se percebermos, no nosso dia-a-dia, muitas práticas contribuem igualmente para a disseminação do vírus, mas não são tratadas com a mesma intensidade pelos governos.

As pessoas continuam andando na rua sem máscara e não há nenhuma fiscalização por parte dos agentes públicos, como deveria ser feito. As academias de musculação e de crossfit não fiscalizam o uso de máscara que foi quase abolido em seus interiores. Nos templos religiosos há aglomerações e o não respeito ao distanciamento social. Em alguns restaurantes, comidas ficam expostas e sem a devida proteção, com as mesas cada vez mais próximas uma das outras para angariar mais clientes.

Enfrentamos uma época difícil em que as medidas de segurança contra a Covid-19 precisam ser tomadas, mas não somente à um setor. Em Nova Friburgo, restrições aos eventos foram impostas e a tendência é de piora com o avanço dos casos.

Mas é preciso olhar para os eventos, não somente como lazer, mas acima de tudo, como empregos, num setor que viu sua renda ser reduzida a zero por mais de um ano. Dar a mesma atenção às outras atividades é primordial, para que não haja dois pesos e suas medidas, no combate de uma doença que tanto ceifa vidas.

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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