Algo que não encolhe com o frio é o turismo

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Chegamos àquele momento do ano em que tiramos os agasalhos guardados no armário e passamos o dia inteiro espirrando com muita alergia. Tempos de rinite, sinusite, bronquite e até estalactite. São os memoráveis dias do "tira casaco" e fica com frio, "bota casaco" e fica com calor. Amado por muitos e odiado também por muitos, chegou o frio e com muita antecedência!

Nas épocas de calor, nós friburguenses fugimos aos montes para a Região dos Lagos e para a capital, contudo, se é para sentir frio, o movimento é contrário e muitas pessoas aproveitam para conhecer um pouco mais sobre nossa cidade. Apesar de todas as problemáticas que vêm de brinde com o clima frio, a chegada do inverno tem todo o seu saudosismo e suas peculiaridades únicas que fomentam e muito o número de visitantes na nossa região.

Frio aquece a economia

As baixas temperaturas são muito esperadas por muitos comerciantes que estão na expectativa de se reerguerem financeiramente num momento de crise pós-pandemia de Covid-19. Hotéis, agências de turismo, restaurantes, lojas de roupas são apenas alguns dos setores que saem muito beneficiados e geram empregos diretos e temporários com o crescimento do turismo na cidade.

E ao contrário do que muitos pensam todos nós saímos beneficiados com o turismo e nem mesmo nos damos conta disso. É o que explica Gabriel Alves, consultor de investimentos e colunista de A VOZ DA SERRA: “O dinheiro advindo do turismo aumenta a quantia de capital circulante na cidade, uma vez que ele vem de fora e é injetado na nossa economia, circulando de múltiplas formas. Mesmo que você não trabalhe com o turismo, esse dinheiro de uma forma ou de outra pode chegar até você”, observa ele.

Em Minas Gerais, por exemplo, de acordo com a Associação das Agências de Viagem, com a chegada da frente fria e a queda das temperaturas, houve o aumento da procura pelas cidades mais geladas do estado vizinho em 15%. Em Petrópolis, devastada pelas chuvas em fevereiro deste ano, o comércio já mostra grande recuperação nas vendas. Em Teresópolis, a ocupação da rede hoteleira já se encontra em um patamar superior ao período antes da pandemia.

Por outro lado, as informações do site de viagens Decolar apontam que as buscas por hospedagens para locais mais frios cresceram 25% apenas na primeira quinzena de maio, em relação ao mesmo período de abril. Entre os destinos mais procurados, Gramado (RS), Campos do Jordão (SP), Foz do Iguaçu (PR), Monte Verde (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Teresópolis (RJ) e Petrópolis (RJ). E Nova Friburgo? Por que quase não entra nessas listas?

A falta do diferencial

É evidente que a alta temporada da nossa cidade somente começa no dia 21 de junho, com a chegada oficial da data que marca o início do inverno em nosso calendário. Contudo, é de fácil percepção que Nova Friburgo não tem sido uma referência em turismo de inverno há muitos tempos. Não é difícil vermos pessoas que moram em cidades próximas e que conhecem Gramado (RS), Bento Gonçalves (RS) e até Campos do Jordão (SP), mas não conhecem a nossa cidade.

Como bem apurado pela coluna Observatório, de Wanderson Nogueira, publicada na edição de ontem, 25, do jornal, a ocupação hoteleira no último fim de semana de baixas temperaturas na Região Serrana ficou na casa dos 80% em Petrópolis, o principal destino, e seguida de Nova Friburgo, com ocupação entre 50% e 60%. É o retrato de que dentro da nossa região, o nosso turismo não tem sido uma preferência na escolha dos destinos.

“Entendo que os turistas por vezes priorizam as regiões vizinhas pela falta de entendimento do que vai encontrar ao chegar em Nova Friburgo e de como será recebido” – aponta, Marcos Marins, empresário friburguense do restaurante Casa Osório.

Evidentemente que a proximidade de Petrópolis com a capital do nosso estado, faz com que a região fomente muito mais o turismo do que a nossa cidade, mas é preciso olharmos atentos para o passado. A Cidade Imperial há muito tempo investe pesado em festivais culturais, de música, dança, cerveja e gastronomia, que são amplamente divulgados em todo o Estado. E é evidente que essas políticas refletem e muito no resultado final. E verdade seja dita, trata-se do mesmo perfil de turistas que vinham a nossa cidade na década de 80, e hoje dificilmente escolhem Nova Friburgo como destino.

Fato é que logo após um Carnaval fora de época, e com o frio chegando mais cedo, o momento é extremamente propício para fomentar a vinda de turistas na cidade. Se fossemos aplicar a situação atual a um ditado popular, poderíamos dizer a vida deu para prefeitura alguns limões frescos, caberá somente a sua gestão fazer uma limonada - até um mousse - ou chupar a fruta e ficar com a cara feia. Só o tempo dirá!

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