Jornal O Fluminense deixa de circular após mais de 140 anos de atuação

Fundado em 1878, em Niterói, o jornal era o mais antigo do Estado do Rio
sexta-feira, 17 de março de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

O jornal O Fluminense, um dos mais antigos do Brasil e o mais antigo do Rio de Janeiro, encerrou a circulação da sua versão impressa, no início deste mês, após funcionários cruzarem os braços por falta de pagamento dos salários nos últimos três meses.

De acordo com o colunista Gilson Monteiro, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, Mário Souza, deve se reunir com os diretores do veículo para esclarecer a real situação da empresa que, desde 2020, é administrada por dois grupos: um do mercado imobiliário e outro do segmento de shoppings centers.

Fundado em 1878, em Niterói, por Francisco Rodrigues de Miranda e Prudêncio Luís Ferreira Travassos, militares da Guarda Nacional, O Fluminense teve papel fundamental na cobertura jornalística de fatos importantes da República, da velha província e da ex-capital do antigo estado do Rio de Janeiro. Em seus anos iniciais, o jornal era publicado às quartas, sextas-feiras e domingos. A partir de 1892 passou a circular diariamente.

Figuras ilustres do cenário intelectual do país, como Euclides da Cunha, Olavo Bilac, Rubem Braga, Marcos Almir Madeira, além de Irineu Marinho, fundador do jornal O Globo, e os imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), José Cândido de Carvalho e Marcos Lucchesi, também passaram pela redação do jornal que, até 1954, era especializado em classificados.

Até que sob o comando do jornalista e deputado Alberto Torres (1912-1998), o jornal ganhou um parque gráfico e um perfil, de fato, jornalístico. Além de comandar o veículo, Torres também criou um grupo de comunicação com as rádios Fluminense AM e FM — que se tornou a famosa “Maldita FM”, conforme lembrou o jornalista Ancelmo Gois, em sua coluna n’O Globo.

A influência política do udenista Alberto Torres, que foi deputado federal constituinte e deputado estadual por muitos anos, ajudou o jornal a conquistar relevância política em sua fase áurea. Acrescida do fato de ser irmão de Paulo Francisco Torres, que foi governador, por via indireta, do estado do Rio de Janeiro, presidente do Senado e deputado federal; e de Acurcio Torres, também deputado federal em várias legislaturas.

Sobre Alberto Torres, Gilson Monteiro afirmou: “Na mais que centenária casa jornalística tive o privilégio de trabalhar ao lado de profissionais de alto nível e conviver de perto com o amigo Alberto Torres, diretor por uma vida inteira, dono de brilhante cultura, afável no trato que fazia questão de cumprimentar, quando chegava ou saía, todos os companheiros de trabalho, independentemente da função que exercessem”.

Gilson Monteiro relembrou ainda uma das principais características de Alberto Torres: o perfeccionismo. O velho Torres, segundo Monteiro, costumava sentar-se ao lado do editor Olegário Wangüestel Jr, com uma caneta Bic em mãos, para escrever “um texto perfeito e sem erros“, para isso, usava várias folhas de papel, uma vez que detestava máquinas de escrever.

(Fonte: Patrícia Lima em diariodorio.com, com informações de Gilson Monteiro)

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: