Como a guerra afeta o emocional de quem acompanha mesmo de longe

Os ataques a Israel e Palestina alcançam o mundo em imagens de drama humanitário e podem gerar ansiedade, medo e pensamentos catastróficos
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Na última terça-feira, 10, foi celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental e com o início do confronto entre Israel e o grupo terrorista da Palestina, Hamas, cenas de explosões, massacres, gritos e o desespero de muitas famílias são compartilhadas pelo mundo através de imagens de TV e internet. Quem acompanha isso, ainda que de longe, também pode sofrer com medo, ansiedade e pensamentos catastróficos. 

De acordo com a psicóloga e escritora, Cinthia Lima Ramos, as mais suscetíveis aos impactos emocionais são as pessoas que têm parentes e amigos nestas situações e os próprios cidadãos dos países afetados. “Além dessas, pessoas que têm empatia, resiliência e amor ao próximo, podem sim serem mais impactadas diante desse cenário tão delicado que estamos vendo dia após dia. Alguns indivíduos que já têm o transtorno de ansiedade, transtorno de pânico, depressão, ideação suicida, podem ficar mais afetados mediante a todo esse caos”, explica a psicóloga.

 

(Psicóloga e escritora, Cinthia Lima Ramos)

O confronto acontece a milhares de quilômetros do Brasil, mas as imagens de famílias separadas, inocentes sendo sequestrados e mortos e pessoas tentando fugir dos países, que chegam a todos nós, impactam pelo sentimento de injustiça e humanidade com todas as pessoas que estão passando por essa situação. “A mídia está com os olhos em Israel e muitas informações chocam devido a tanta crueldade e violência. Estamos vivenciando um momento muito delicado e a informação chega em fração de segundos a qualquer momento. Precisamos compreender o nosso limite mental, emocional e físico. É interessante escolher um horário do dia para se informar, lembrando que é importante buscar fontes seguras de notícias. Alimentar o assunto durante as 24 horas do dia, pode ser muito prejudicial para a sua saúde emocional e mental”, esclarece Cinthia

Além disso, segundo ela, a curiosidade sobre a atualização das notícias, pode gerar um certo desequilíbrio ou gatilhos, gerando ansiedade, pânico, tristeza, revolta, entre outros. “Respeite o seu momento de acordar, tomar um café, fazer uma atividade física, você não precisa abrir os olhos e já assistir o jornal das TVs ou ler as notícias. Quando você alimenta muitas informações ruins ou trágicas pela manhã, você pode reforçar um estado ansioso e triste ao longo do seu dia. Construa momentos de pausas, você não precisa ser refém da mídia. O excesso de informação e redes sociais, podem contribuir para o processo de adoecimento mental. Compreenda que você tem controle sobre como reage diante dos fatos e noticiários”, orienta a psicóloga.

Ela lembra ainda que “para manter o mínimo possível de saúde mental recomenda-se priorizar o sono, ter uma boa alimentação, praticar exercícios, ter momentos de lazer e pausa, buscar ajuda profissional, desenvolver o seu autocuidado, diminuir o tempo online, não ficar falando somente do assunto catastrófico, escrever o que está sentido, desenvolver habilidades positivas alimentando bons pensamentos e emoções, entre outros.”

Quem está no conflito pode desenvolver transtorno

Cinthia explica também que o Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) pode ocorrer em qualquer pessoa e de qualquer idade, após ter vivenciado uma situação de crise. “O que acontece hoje no mundo pode gerar situações psicossomáticas, pois após viver um ataque, guerra, desastre ou catástrofe, o indivíduo fica afetado de alguma forma, afinal a sensação de angústia, medo, incerteza, permanece durante um tempo em pessoas que passaram por situações dessa natureza”, disse ela.

Não podemos alterar as decisões geopolíticas ou o decurso de acontecimentos mundiais, mas podemos escolher como reagimos a estas situações que estão fora do nosso controle. “A humanidade está em sofrimento, mas precisamos compreender que necessitamos aprender a viver um dia de cada vez, não temos como controlar o futuro. Por isso, ame mais a sua família e os seus, valorize o seu trabalho, desenvolva a sua fé, busque a Deus em templos e fora de templos, não negocie seus princípios e valores. Se o mundo está congelando em relação ao amor, nós não precisamos fazer parte dessa estatística, vamos cuidar mais uns dos outros. Todos nós, só estamos precisando de abraços, olho no olho, respeito e suporte espiritual, mental, emocional e físico. Não negligencie o básico, faça um pouquinho todo dia, você pode ser a gota de esperança no oceano de alguém”, finalizou Cinthia.

Dia Mundial da Saúde Mental

O Dia Mundial da Saúde Mental foi instituído em 10 de outubro de 1992 pela World Federation of Mental Health. Ao longo dos anos, este dia ganhou impulso, tornando-se uma plataforma para governos, organizações e indivíduos desenvolverem iniciativas que se concentrem em vários aspectos dos cuidados de saúde mental.  A campanha de 2023 é uma oportunidade para pessoas e comunidades se unirem em torno do tema “A saúde mental é um direito humano universal” para melhorar o conhecimento, aumentar a conscientização e impulsionar ações que promovam e protejam a saúde mental de todos como um direito humano universal.

Uma em cada oito pessoas do mundo vive com problemas de saúde mental, o que pode afetar a sua saúde física, o seu bem-estar, a forma como se relaciona com os outros e os seus meios de subsistência. Atualmente, um número crescente de adolescentes e jovens faz parte desse grupo.

Ter um problema de saúde mental nunca deve ser motivo para privar uma pessoa dos seus direitos humanos ou para excluí-la das decisões sobre a sua própria saúde. No entanto, em todo o mundo, essas pessoas continuam a sofrer uma vasta gama de violações dos direitos humanos. Muitos são excluídos da vida comunitária e discriminados, enquanto muitos outros não têm acesso aos cuidados de que necessitam.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que continua a trabalhar com os seus parceiros para garantir que a saúde mental seja valorizada, promovida e protegida, e que sejam tomadas medidas urgentes para que todos possam exercer os seus direitos humanos e ter acesso aos cuidados de saúde mental de qualidade de que necessitam. (Fonte: Ministério da Saúde)

Três passos para se defender de um atentado psicológico

por Rita Cohen Wolf

Nos últimos dias temos sido vítimas de um outro tipo de atentado. Um atentado psicológico e infelizmente ele pode vir a se intensificar pois o inimigo pretende inundar as redes com fotos dos sequestrados no cativeiro. Isso além dos vídeos difundidos nas redes sociais e grupos de Whatsapp que nos expõe as atrocidades e o massacre cometidos. E isso é também um atentado terrorista só que de outro tipo. Um atentado que visa penetrar em nossa consciência e instalar ali o medo, a ansiedade, a paralisia e a submissão.

A guerra psicológica é a guerra mais difícil porque não há exércitos que possam salvar do sequestro mental. Esta é uma guerra onde você terá que lutar pela sua consciência, sua saúde mental e pelo seu bem-estar com suas próprias mãos. Como se proteger?

O primeiro passo é recusar-se a assistir a todos os vídeos de terror e certamente não espalhá-los em grupos pois são um vírus mortal. 

O segundo passo é desligar a televisão e limitar-se a atualizações de notícias de vez em quando.

O terceiro passo é fazer apenas o que é bom, o que ilumina, o que ajuda você e os outros. Somente uma luz interior é capaz de banir as trevas da mente. 

Juntos venceremos!

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