Um Messias diferente

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

segunda-feira, 05 de dezembro de 2022

A vivência do Tempo do Advento nos conduz a momentos de reflexão e oração voltados para a conversão do coração e a fé no Reino que vai chegar. Os textos bíblicos que nos acompanham neste itinerário fazem lembrar a promessa messiânica do antigo Israel. Os textos do profeta Isaías aprofundam nossa reflexão sobre o Messias esperado. “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor. (...) Ele trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos” (Is 11,4).

A expectativa da chegada do Messias traz consigo a esperança de um mundo justo onde a concórdia alimente a paz e a prosperidade. A certeza que perpassa esta esperança é que o Justo Juiz vem para quem tem o coração pobre, para os que têm a consciência de que sozinhos não conseguirão levar o peso dos sofrimentos da vida. A justiça tão esperada por Israel não está somente na devolução da Terra Prometida, mas no consolo da alma abatida, na recuperação da força física, psíquica, econômica e existencial.

A paz prometida ultrapassa nossa humilde compreensão: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão, como um boi, se alimentará de palha, e a serpente comerá terra. Nenhum mal nem desordem alguma será cometida, em todo o meu monte santo” (Is 65,25). A promessa indica a reconciliação de toda a criação.

A fé cristã aponta para Jesus Cristo como o cumpridor dessas promessas, apesar de a esperança messiânica parecer ser frustrada por motivo do sofrimento assumido por Jesus. O sentimento de fracasso encheu o coração dos discípulos depois da morte cruenta do Messias. Eles haviam depositado todas as suas esperanças e desejos no Mestre. Contudo, depois da escandalosa morte na cruz, voltaram abatidos à vida anterior. As esperanças em que acreditavam desfizeram-se em pedaços, os sonhos que queriam realizar cedem o lugar à desilusão e à amargura.

O Papa Francisco nos faz recordar que a mensagem evangélica abre as perspectivas da humanidade para além das situações de decepção e tristeza. “Ainda hoje, quando experimentamos a violência do mal e a vergonha da culpa, quando o rio da nossa vida seca no pecado e no fracasso, quando, despojados de tudo, nos parece não ter mais nada, precisamente então é que o Senhor vem ao nosso encontro e caminha conosco” (Papa Francisco, homilia, 28 jul. 2022).

Assim, apesar de parecer que Jesus não satisfaz as expectativas do antigo Israel, podemos perceber que seu poder vai além das esferas deste tempo. E mais, a missão salvífica do Messias que é partilhada com cada cristão não se realiza num passo de mágica. Ela se faz num processo de conversão pessoal que atinge a totalidade do mundo.

A eficácia da ação messiânica está na proximidade e unidade com o Senhor que está presente no nosso caminho, que nos acompanha e nos fala. Para isso é preciso ter o cuidado de não nos deixarmos distrair, como tantas vezes somos levados, pelas futilidades e paixões deste mundo.

Construamos, pois, o reino de paz nos deixando “chacoalhar pelo torpor e despertando do sono” que paralisa (Papa Francisco, Angelus, 27 de novembro de 2022).

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção no bairro Bela Vista

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