Na manhã desta quarta-feira, 27, o governador do Estado do Rio, Wilson Witzel, concedeu uma entrevista ao Bom dia Rio, da Rede Globo, para falar sobre a investigação da Polícia Federal e das polêmicas envolvendo os hospitais de campanha. Witzel também aproveitou a oportunidade para se defender das acusações e prometeu tomar providências contra os autores das denúncias. Ele classificou o episódio como “perseguição política”.
De acordo com a PF, ao cumprir um dos 12 mandados de busca e apreensão na manhã de terça-feira, 26, no escritório da primeira dama Helena Witzel, que é advogada, foram encontrados documentos de contratos do escritório onde ela trabalha com empresas que atendem o Governo do Estado, o que não é permitido por lei.
“Desconheço essa documentação. A Helena não tem nenhuma empresa que tenha contrato com o Estado. Era uma exigência dela que qualquer cliente apresentasse uma declaração sem vínculo com o Estado. Isso tudo será apresentado ainda essa semana. Tenho absoluta convicção de que isso é uma perseguição política. Eu vou tomar providências ao Senado e Conselho Nacional do Ministério Público, porque essa investigação – chegou ao meu conhecimento – partiu de dentro do gabinete do Procurador Geral da República, com conhecimento do presidente da República”, sustentou o governador.
Troca na Secretaria estadual de Saúde
Witzel também comentou sobre a saída do ex-secretário de saúde, Edmar Santos, que inclui agora uma comissão de notáveis que auxilia o Estado no enfrentamento à pandemia. O governador rechaçou que a permanência de Santos no governo tenha sido uma blindagem. “Em hipótese alguma, até porque, foro privilegiado não é garantia de impunidade”, negou Witzel que ressaltou a criação de leitos de Covid-19 como medidas para combate a pandemia. Witzel também explicou que o ex-secretário estava assoberbado e a criação da comissão possibilitou uma melhor organização no enfrentamento à doença.
“Nós inauguramos mais de 1.400 leitos desde o dia 15 de março. Quando decretei o lockdown no Estado não tínhamos nenhum leito de Covid-19. Podem visitar os hospitais. Estão longe de ser hospitais de campanha, são hospitais de alta complexidade. Eu vou pedir oficialmente o depoimento do Gabriel (ex subsecretário de saúde, que está preso) em que ele explica as razões pelas quais praticou esses atos. A secretaria ficou pequena para o problema que nós temos. O dr. Edmar estava se dividindo entre administrar a secretaria, verificar todos os fatos e acompanhar o que estava acontecendo com o empresariado, então ficou sobrecarregado. Com duas estruturas ficou mais fácil de trabalhar”, explicou Witzel.
Hospitais de Campanha
Apesar das denúncias e dos adiamentos para o início das atividades de campanha, o governador faz uma avaliação positiva das medidas adotadas para combater o coronavírus no Estado. “Eu avalio como muito positivo. Estamos abrindo os hospitais de média e alta complexidade do Iabas, para atender esses pacientes”, completou. Perguntado se o Estado havia perdido o controle após a nota da organização social Iabas que dizia “A gente vai fazer, desde que eles (o Estado) nos deixem trabalhar”, Witzel foi taxativo. “Não perdeu (o governo) controle nenhum. Chamem o engenheiro do projeto para explicar a dificuldade de profissionais, de médicos. O mundo está vivendo a pandemia. A União tentou comprar mais de dez mil respiradores e não entregou nem 10%”, garantiu o governador.
Indagado sobre como os hospitais de campanha bancados pela iniciativa privada foram abertos no prazo e os do Estado não, Witzel disse que a rede privada não estava sujeita a licitação. Os apresentadores então falaram que, devido a situação de emergência, o Estado também não necessitava de licitação para concluir a compra de equipamentos e profissionais.
“Mas tem procedimentos para contratação emergencial. Não é algo que você vai na loja e compra. Estamos fazendo o máximo que podemos, vencendo todas as adversidades, com esses ataques políticos que estamos fazendo. E isso inibe nossa ação. Os estados estão sozinhos, junto com os municípios”, respondeu. Por fim, Witzel esclareceu sobre ter dado autorização para o Instituto Unir, que não estava habilitado a fechar contratos com o Estado, voltar a prestar serviços para o Estado.
“Eu desafio qualquer jurista a pegar esse processo e constatar que eu cometi alguma irregularidade. O parecer dos procuradores do Estado são informativos. Eu tenho capacidade jurídica suficiente para tomar uma decisão e não ser injusto. Essa investigação do MP alega que essa decisão que eu dei tem suspeita de que ela (Instituto Unir) foi favorecida. É mentira”.
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