Taxa de vacinação infantil cai e Brasil volta a patamar de 1987

Queda na imunização está ligada a diversos fatores, como desinformação e menores verbas para campanhas
sábado, 14 de maio de 2022
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Em 2021, a vacinação infantil no país chegou a seu pior nível em três décadas, com as taxas de cobertura voltando ao patamar de 1987. Com isso, doenças já erradicadas, como a poliomielite, podem voltar a fazer vítimas. A vacinação infantil é obrigatória no Brasil, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a cobertura vacinal de pelo menos 95% da população infantil. Nos últimos cinco anos, o número de crianças imunizadas vem caindo cada vez mais, preocupando autoridades e especialistas.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a média de cobertura vacinal no Brasil caiu de 97%, em 2015, para 75% em 2020. Das nove vacinas analisadas pelo DataSUS, a que sofreu maior queda é a BCG, que apresenta queda de 38,8% entre 2015 e 2021. Em segundo lugar fica o imunizante contra a Hepatite A, com queda de 32,1%, e poliomielite em terceiro, com queda de 30,7%.

O Brasil costumava ser o país líder em cobertura vacinal em todas as faixas etárias. Em 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunização (PNI), com o intuito de oferecer vacinação em massa gratuita para a população. O programa cresceu gradativamente e, em 2015, no auge da cobertura vacinal, oferecia 29 imunizantes para todas as idades. No entanto, dados do Unicef, coletados em março deste ano, apontam que três em cada dez crianças brasileiras não receberam as vacinas necessárias para protegê-las.

Existem diversas questões que causam a queda no índice de vacinação infantil, entre elas as notícias falsas. Para Soraya Soubhi Smaili, professora titular do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, a diminuição de investimentos na área da saúde e de campanhas de vacinação abriu espaço para a disseminação de informações mentirosas.

“Até 2016, nós tivemos uma política de saúde voltada para a saúde pública, para o fortalecimento do SUS e do PNI. Tínhamos bons gestores no programa e investimentos nessa área para a realização de campanhas e estruturação do sistema, mas a partir de 2017 houve queda nos investimentos e, portanto, diminuição dos programas e das campanhas”, afirmou.

Dados do Ministério da Saúde apontam que o orçamento para campanhas de vacinação caiu de R$ 77 milhões, em 2018, para R$ 45 milhões em 2020. Mas não é só a falta de campanhas com informações corretas que influenciam os pais a não vacinarem seus filhos. Questões estruturais, como o horário de funcionamento das unidades básicas de saúde, são um grande problema. Geralmente, essas unidades ficam abertas das 7h da manhã às 17h, de segunda a sexta-feira, quando a maioria dos pais e responsáveis está trabalhando.

Outro fator que contribui para a queda da cobertura vacinal é a falsa sensação de que não é necessário se vacinar, visto que as doenças foram erradicadas. Contudo, o Brasil é um dos oito países sul-americanos que apresentam alto risco de volta da poliomielite, causadora da paralisia infantil, segundo relatório divulgado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2021.

Para especialistas, o controle e eventual eliminação de determinada doença só ocorreu porque grande parcela da população foi vacinada. O mérito da erradicação de uma doença é da vacinação coletiva. “Se cada vez mais pessoas pensarem que uma doença parou de circular e então não devemos vacinar, surgirão bolsões de pessoas suscetíveis a essa doença. E caso essa infecção seja reintroduzida no país, como ocorreu com o sarampo em 2019, a doença se espalha de maneira extremamente rápida”, alertam.

Vacinas aumentam expectativa de vida

As campanhas de vacinação têm grande influência na adesão da população. A primeira campanha realizada no Brasil ocorreu em 1961, a partir da regulamentação do Código Nacional de Saúde (lei 2.312, de 3 de setembro de 1954). Profissionais de saúde aplicaram a vacina oral contra a poliomielite durante projetos experimentais nas cidades de Petrópolis (RJ) e Santo André (SP). No ano seguinte, foi a vez da Campanha Nacional Contra a Varíola.

As vacinas foram fundamentais para o aumento da expectativa de vida e queda da mortalidade infantil no país, segundo o Ministério. Foi com a vacinação em massa que doenças como varíola, rubéola, poliomielite e sarampo foram eliminadas.

Para pediatras, “é essencial que crianças a partir dos dois meses de vida sejam vacinadas, uma vez que essa faixa etária é suscetível a infecções, por seu sistema imunológico ainda ser imaturo. “Crianças menores de seis meses dependem dos anticorpos maternos passados pela placenta, durante a gestação, e pela amamentação. As vacinas fazem com que o próprio organismo crie anticorpos e outros mecanismos de defesa contra as estruturas específicas de vírus ou bactérias”, explicam.

O Governo Federal divulgou, recentemente, uma atualização do calendário de vacinação infantil, no portal da Agência Brasil. Desde o último dia 3 e até 3 de junho, está em andamento a campanha de vacinação contra sarampo para crianças de seis meses a menores de 5 anos, junto da aplicação da segunda etapa de imunização contra Influenza, vírus causador da gripe.

(Fonte: cofen.gov.br / Observatório do Terceiro Setor)

 

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TAGS: vacinação