A taxa de juros no Brasil voltou ao patamar do auge da crise que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. Em mais uma decisão unânime, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a Selic em um ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano e sinalizou nova alta, só que menor, na próxima reunião, em maio.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, no entanto, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, diz o comunicado do Copom. Essa foi a terceira alta de um ponto percentual consecutiva, e, se de fato houver novo aumento em maio, a Selic alcançará o maior patamar em quase 20 anos.
O Copom diz ainda que a magnitude total do ciclo de aperto monetário “dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
Enquanto isso, a reprovação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disparou de 24% em dezembro para 58% em março, o maior patamar desde o início do governo, segundo pesquisa Genial/Quaest com 106 fundos de investimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Já a avaliação positiva do governo Lula despencou de 41% para 10%, enquanto 85% dos entrevistados afirmam que Haddad está mais fraco do que no início da gestão. A avaliação negativa do governo caiu de 90% paa 88%, informou a CNN Brasil.
(Com informações do InfoMoney)
Para a Firjan, aumento dos juros não deve ser o único caminho para conter a inflação
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) emitiu comunicado nesta quinta-feira, 20, considerando que o aumento da taxa básica de juros, de 13,25% para 14,25% ao ano, torna o cenário ainda mais desafiador para setores estratégicos da economia, como a indústria, cuja produção segue 16% abaixo de sua máxima histórica. Além disso, dados recentes do mercado de trabalho mostram menor ritmo de crescimento das contratações.
“A continuidade do ciclo de alta da taxa de juros, que já é uma das mais altas do mundo em termos reais, penaliza um país que ainda carece de condições básicas para alcançar seu potencial econômico”, afirma o economista-chefe da Firjan, Jonathas Goulart.
Para a Firjan, o aumento dos juros não deve ser o único caminho para conter o avanço inflacionário. Ainda segundo o comunicado da instituição, “é imprescindível que haja uma agenda pública comprometida em reduzir as vulnerabilidades internas. Nesse sentido, a implementação de uma reforma das contas públicas, que seja crível e focada na otimização dos gastos, é essencial para evitar pressões cambiais e garantir a atuação mais eficiente do Estado na economia.”, destaca o comunicado.
Conforme a Firjan, a busca pelo equilíbrio fiscal, aliada a investimentos em áreas chave como inovação, tecnologia, infraestrutura e capital humano, será crucial para recuperar a confiança do setor industrial, que segue pessimista pelo terceiro mês consecutivo. “É preciso união entre os poderes para que se atinja um objetivo maior no médio prazo. Se continuarmos com agendas que seguem o ciclo eleitoral, o resultado já é conhecido: mais inflação, mais juros e mais desemprego”, acrescenta Goulart.
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