Ainda que apresente algumas características semelhantes à de cidades grandes, Nova Friburgo ainda preserva ares de cidade do interior. O clima típico da Região Serrana, a natureza exuberante e a proximidade entre os bairros aumentam a qualidade de vida na cidade em comparação às grandes metrópoles. Se a média salarial oferecida em Nova Friburgo é menor que a da capital do Estado, o custo de vida por aqui também é infinitamente menor, sem contar no tempo que deixa de ser gasto em engarrafamentos ou no risco diário que todos estão expostos devido à violência.
Muita gente está deixando a capital e outras grandes cidades e rumando para o interior. E Nova Friburgo tem sido um dos principais destinos desses “imigrantes”. Esse movimento de interiorização, que começou antes da pandemia, foi intensificado agora sobretudo devido a popularização do home office, forma de trabalho que ganhou força e parece ter vindo para ficar em diversos segmentos.
De acordo com Gabriel Ruiz, diretor da Predial Primus, uma das imobiliárias mais tradicionais de Nova Friburgo, em 2020, a procura por compra de imóveis em Nova Friburgo chega a ser 40% superior ao registrado no ano passado. Números que evidenciam que essa é uma tendência e não um movimento isolado.
“Há uma procura muito grande de pessoas que desejam se mudar para Friburgo. Muitas empresas adotaram home office de forma permanente e outros clientes que moravam em grandes centros estão buscando viver mais perto da natureza, com maior qualidade de vida, segurança e mais espaço. Essa é uma realidade após esse período de isolamento social: as pessoas passaram a dar mais valor a suas residências. E aqui em Nova Friburgo, sem dúvidas, temos opções de sobra”, avaliou Gabriel Ruiz.
O perfil dos novos moradores
Segundo apurado por A VOZ DA SERRA com outra imobiliária friburguense, o perfil das pessoas que está deixando o Rio de Janeiro para morar em Nova Friburgo é de classe média alta para cima. A maioria é de famílias com filhos. Dessas, cerca de 70% procuram casas com três quartos e terreno disponível. Em 90% dos casos, Cônego, Cascatinha, Braunes e Centro são os bairros mais procurados. E o mais interessante, boa parte desses novos moradores não conhecia a cidade, ou conhecia apenas por turismo de fim de semana. Para conhecerem e se habituarem ao clima e ao estilo de vida do município, geralmente alugam um imóvel e, tão logo estejam adaptados, partem para a compra.
Petrópolis é outra cidade serrana que também tem registrado aumento na procura por imóveis. Na Cidade Imperial, um dos fatores que pode ter impulsionado esse movimento é a proximidade com a capital. Como as cidades estão separadas por cerca de uma hora, é possível morar em Petrópolis e trabalhar no Rio, por exemplo. O tamanho da cidade e a força turística, sobretudo por conta do Centro Histórico, também ajudam a tornar Petrópolis uma cidade mais valorizada nesse sentido em comparação à Nova Friburgo.
Mas, segundo outra corretora de imóveis ouvida pelo jornal, é justamente a distância da capital que pode se tornar o grande trunfo de Friburgo. Enquanto Petrópolis é muito procurada por quem ainda tem uma vida ativa na capital, quem busca Nova Friburgo quer justamente ficar longe do alto custo de vida, da violência e do trânsito caótico do Rio de Janeiro. Por estar localizada no centro do estado, Nova Friburgo seria uma cidade menos dependente da capital do que Petrópolis e caminha de forma mais independente.
O preço no metro quadrado em Friburgo
De acordo com o Cenário do Mercado Imobiliário 2019 e 2020 de Nova Friburgo, obtido com exclusividade por A VOZ DA SERRA através do Centro de Pesquisa e Análise da Informação (Cepai) do Secovi Rio (Sindicato da Habitação), de janeiro a agosto de 2019, a variação do valor do metro quadrado de venda de apartamento em Nova Friburgo foi de 2,5% (R$ 4.345 em janeiro contra R$ 4.454 em agosto). Neste ano, apesar de menor, o valor teve nova variação positiva, desta vez de 0,7%, subiu de R$ 4.456 em janeiro para R$ 4.489 em agosto.
Ainda de acordo com a entidade, Braunes, Cônego e Olaria tiveram variação positiva no valor do metro quadrado, enquanto o Centro teve queda de 12,7% (caiu de R$ 5.694 em janeiro deste ano para R$ 4.973). A explicação mais plausível para isso talvez seja o fato de que nesse período de pandemia as pessoas estejam preferindo sair do Centro para localidades mais afastadas.
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