Pelo menos 12 integrantes de um grupo de gestores brasileiros, entre eles o prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon (PL), que estava em Israel para participar de um encontro sobre segurança pública e foram surpreendidos pelo confronto armado daquele país com o Irã, deixaram o Oriente Médio na segunda-feira, 16. Eles atravessaram a fronteira de Israel com a Jordânia, de ônibus, e após receberem permissão das autoridades locais para ingressar na Jordânia acompanhados de diplomatas brasileiros.
De lá, o grupo seguiu por terra até a Arábia Saudita, com o propósito de embarcar em uma aeronave particular fretada para retornar ao Brasil, com a despesa paga pelos próprios gestores. Mais tarde, em suas redes sociais, Johnny Maycon divulgou que já estava na aeronave em direção a Espanha e de lá faria uma conexão para Cabo Verde, na África, de onde seguirá viagem rumo ao Brasil.
O prefeito de Nova Friburgo travou um vídeo no momento que o avião aterrissou na Espanha para abastecer e tranquilizou familiares e os friburguenses afirmando que estava bem e bastante ansioso para retornar a Nova Friburgo. “O pior já passou. Estamos todos bem. Em grande parte do trajeto ficamos incomunicáveis devido a falta de sinal de internet, mas amanhã (quarta-feira,18) já estaremos no Brasil, se Deus quiser”, disse.
Nem todos saíram de Israel
Uma outra delegação brasileira continua em Israel e está impedida de deixar o país desde o início da guerra com o Irã, que começou na semana passada. O Itamaraty analisa opções de saída e negocia, com os israelenses, a escolta dessas pessoas até uma das opções de saída. Um interlocutor que acompanha o caso disse acreditar que o caminho será novamente a Jordânia.
Ainda de acordo com o Itamaraty, encontram-se em Israel cerca de 50 cidadãos brasileiros que compõem duas delegações de autoridades estaduais e municipais que realizavam a visita ao Oriente Médio a convite do governo israelense. Além de prefeitos, a lista de autoridades inclui o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil).
“No momento, o espaço aéreo israelense e o Aeroporto Internacional Ben-Gurion estão fechados. Embora não haja informações oficiais sobre sua reabertura, um veículo de imprensa de Israel indicou que o governo considera manter essa decisão pelos próximos dois ou três dias por razões de segurança.”
Ainda segundo o Ministério das Relações Exteriores, um deslocamento para a Jordânia não garantiria retorno imediato ao Brasil, já que o país também fechou seu espaço aéreo, e a travessia pelo Egito exigiria percorrer um longo trajeto pela península do Sinai que pode oferecer riscos de segurança.
Entenda a situação
A delegação de gestores brasileiros estava em Israel desde o último dia 8, a convite do governo local, para conhecer soluções tecnológicas na área de segurança pública discutidas no evento “Projetos Municipais para a Segurança Pública e Desenvolvimento Local”. Prefeitos e gestores públicos participaram de palestras e treinamentos. Os temas envolvem tópicos relacionados ao setor municipal, como transformação digital, cibersegurança, soluções comunitárias, energias renováveis, gestão de crises, planejamento urbano e infraestrutura.
O grupo foi surpreendido durante a madrugada da última sexta-feira,13, por sirenes de emergência. As Forças de Defesa de Israel realizaram um ataque ao Irã na madrugada do dia 13, (ainda noite de quinta-feira, 12, no horário de Brasília). O bombardeio mirou infraestruturas nucleares iranianas. O ataque matou o chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri. Dois cientistas nucleares também foram mortos.
Pouco após Israel lançar o bombardeio contra o Irã, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, divulgou um pronunciamento gravado com antecedência. O primeiro-ministro disse que a operação militar tem como objetivo deter "a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel" e que os ataques continuarão "por quantos dias forem necessários".
Gestores que deixaram Israel na segunda-feira
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Francisco Nélio Aguiar – tesoureiro da CNM (Confederação Nacional dos Municípios)
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Álvaro Damião – prefeito de Belo Horizonte (MG)
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Márcio Lobato – secretário municipal de Segurança Pública de Belo Horizonte (MG)
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Davi de Matos – chefe executivo do Centro de Inteligência, Vigilância e Tecnologia de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Civitas)
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Welberth Porto – prefeito de Macaé (RJ)
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Claudia da Silva – vice-prefeita de Goiânia (GO)
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Cícero de Lucena – prefeito de João Pessoa (PB)
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Janete Aparecida – vice-prefeita de Divinópolis (MG)
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Gilson Chagas – secretário de Segurança Pública de Niterói (RJ)
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Johnny Maycon – prefeito de Nova Friburgo (RJ)
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Francisco Vagner – secretário de Planejamento de Natal (RN)
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Flávio Guimarães – vereador do Rio de Janeiro (RJ)
* Reportagem da estagiária Laís Lima com supervisão de Henrique Amorim
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