Plástico pode ter causado 350 mil mortes por complicações cardíacas em 2018

Estudo indica que ftalatos de plásticos podem estar ligados a 13% das mortes em adultos entre 55 e 64 anos
sexta-feira, 02 de maio de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

De recipientes plásticos de alimentos a frascos de xampu, passando por brinquedos infantis e itens de maquiagem, um componente químico amplamente utilizado na fabricação de plásticos está no centro de uma grave preocupação global de saúde pública. De acordo com um novo estudo publicado na revista científica eBioMedicine, os ftalatos — em especial o DEHP — podem ter contribuído para cerca de 350 mil mortes por doenças cardiovasculares em todo o mundo apenas em 2018.

A pesquisa, conduzida por cientistas da NYU Langone Health, nos Estados Unidos, analisou dados ambientais e de saúde populacional de mais de 200 países. Os resultados sugerem que até 13% das mortes por doenças cardíacas entre adultos de 55 a 64 anos, naquele ano, podem estar associadas à exposição aos ftalatos. O estudo aponta ainda que regiões como Oriente Médio, Sul da Ásia e Leste Asiático foram as mais afetadas, com destaque para Índia, China, Indonésia, Paquistão e Egito — países onde a regulação sobre o uso de plásticos é mais branda e a produção, mais intensa.

O que são ftalatos e por que são perigosos?

Os ftalatos são compostos químicos usados para aumentar a flexibilidade, durabilidade e transparência de materiais plásticos. Estão presentes em inúmeros itens do cotidiano: embalagens de alimentos, garrafas, produtos de limpeza, cosméticos, perfumes, brinquedos e até dispositivos médicos. A exposição humana ocorre principalmente por ingestão de alimentos contaminados, inalação de partículas suspensas ou absorção pela pele.

Os efeitos desses compostos sobre o corpo humano são cada vez mais preocupantes. Pesquisas anteriores já haviam relacionado os ftalatos a problemas reprodutivos e impactos no sistema imunológico. Agora, o novo estudo mostra uma relação direta entre o DEHP e doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Em números absolutos, a estimativa de 356.238 mortes associadas ao DEHP em 2018 representa um alerta vermelho para a saúde global. Só a Índia contabilizou mais de 100 mil mortes ligadas à substância naquele ano. Em regiões como o Oriente Médio e o Leste Asiático, os ftalatos foram responsáveis por 42% das mortes por doenças cardíacas, segundo o estudo. No Pacífico, esse percentual chegou a 32%. A explicação, segundo os autores, está na alta concentração de indústrias plásticas e na falta de regulações ambientais rigorosas.

Entre as recomendações práticas para o público estão:

  • Evitar aquecer recipientes plásticos no micro-ondas, o que libera ftalatos e microplásticos;

  • Não utilizar utensílios plásticos em máquinas de lavar louças;

  • Optar por recipientes de vidro, aço inoxidável ou cerâmica para armazenar alimentos;

  • Reduzir o uso de cosméticos com fragrâncias artificiais, que costumam conter ftalatos.

O papel das políticas públicas

Atualmente, um tratado global sobre plásticos está sendo negociado pela ONU, visando estabelecer regras internacionais mais rígidas sobre produção e descarte de plásticos. A União Europeia, por sua vez, já proíbe o DEHP em brinquedos e cosméticos, embora ele ainda esteja presente em outros itens de uso cotidiano.

Com o aumento da produção de plásticos e a constante presença de seus subprodutos no ambiente e nos organismos vivos, a discussão sobre os ftalatos ultrapassa os limites da ciência e entra na seara da responsabilidade política e do consumo consciente. Proteger o coração da humanidade, ao que tudo indica, passa também por reduzir o plástico que a envolve.

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 80 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: