O símbolo que representa o curso de enfermagem possui origens em uma personalidade importante da área e se tornou popular entre enfermeiras e enfermeiros. Em uma resolução do Conselho Federal de Enfermagem de 1999 (Cofen 218/1999), ficou definido que o símbolo da enfermagem seria composto de uma lâmpada a óleo, uma cruz vermelha e uma serpente. Também foi definido que o símbolo que representa o Técnico e Auxiliar de Enfermagem seria composto da lâmpada a óleo e uma seringa. Embora a lâmpada seja um símbolo bastante conhecido entre os profissionais de enfermagem, nem todo mundo conhece o motivo de sua relação com a Saúde. Essa história começa com Florence Nightingale (1820-1910).
A enfermagem moderna
Ela foi enfermeira e reformadora social, considerada a criadora da enfermagem moderna. Britânica e de família tradicional, Florence abdicou de sua posição privilegiada para se dedicar ao tratamento de doentes pobres, indigentes e feridos de guerra.
Sua contribuição mais notável foi durante a Guerra da Crimeia, quando, com uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias treinadas por ela, partiu para os Campos de Scutari, no Império Otomano, onde ficou conhecida como a Dama da Lâmpada, pois era constantemente vista em suas rondas noturnas segurando uma lamparina a óleo.
Retornou para a Inglaterra em 1857, e devido o seu prestígio, convenceu a Rainha Vitória a criar uma Comissão Real para cuidar da saúde do exército. Com ajuda de um estatístico e de um membro da Comissão Sanitária, Nightingale constatou que 16 das 18 mil mortes não foram causadas por feridas de batalha, mas por doenças disseminadas pela falta de saneamento.
Em 1859, fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas — que ajudou a estabelecer a enfermagem como uma carreira respeitável para as mulheres — e implementou melhorias em hospitais.
Em 1883, a rainha Vitória concedeu-lhe a Real Cruz Vermelha, condecoração militar concedida por serviços prestados. Antes de morrer, aos 90 anos, foi a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito, em 1907.
Ana Néri, do Brasil
A baiana Anna Nery, mais conhecida como Ana Néri (1814-1880) foi pioneira da enfermagem no Brasil. Viúva aos 29 anos e três filhos para criar, sua saga como enfermeira teve início na Guerra do Paraguai (1864-1870), quando seus filhos foram convocados pelo exército.
A seu pedido, Ana foi incorporada ao 10º Batalhão de Voluntários e prestou serviços ininterruptos nos hospitais militares de Salto, Corrientes, Humaitá e Assunção, bem como nos hospitais da frente de operações, onde viu morrer um de seus filhos e um sobrinho.
Terminada a guerra, regressou ao seu estado natal, onde recebeu inúmeras homenagens, sendo uma delas prestada pelo governo imperial que concedeu-lhe a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe.
Ana Néri faleceu no Rio de Janeiro aos 65 anos. Em sua memória, a primeira escola oficial brasileira de enfermagem, inaugurada em 1923, no Flamengo, recebeu o seu nome.
Sobre o símbolo da enfermagem
A lâmpada é uma forte referência à Florence Nightingale. No entanto, ela também representa a iluminação do caminho a ser trilhado pelos profissionais. A serpente, assim como em outros cursos da área da saúde, representa a cura e o renascimento. Uma lenda relaciona as serpentes à sabedoria, à capacidade de se regenerar (a troca de pele) e à capacidade de curar (através de seu veneno). Além disso, em algumas culturas, este animal é relacionado à imortalidade e ao ciclo da vida. A Cruz Vermelha indica os primeiros socorros, enquanto a seringa representa o conhecimento técnico e a precisão.
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