Neste dia 12, não se comemora apenas o amor romântico, mas todas as formas de amar e qualquer relacionamento amoroso. No Brasil, há mais de 7 décadas, em todo 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados. Essa data, além de fazer referência óbvia ao amor, ao afeto e ao carinho, especialmente, entre casais, também movimenta, e muito, o setor comercial.
Outros países também festejam um dia específico com o mesmo propósito. Contudo, não é o dia 12 de junho, mas 14 de fevereiro, como acontece nos Estados Unidos, entre outros, onde é chamado Valentine's Day, isto é, Dia de São Valentim. Mas, por que existe essa diferença de datas e a referência a um Santo?
A razão de se chamar Valentine's Day está na transição da Antiguidade para a Idade Média, quando, durante os três primeiros séculos dessa era, o cristianismo cresceu no coração do Império Romano. Uma significativa parcela da população que vivia na Europa e era adepta de religiões pagãs, converteu-se à religião cristã e passou a exercer uma conduta que se ajustava aos dogmas e à moral do cristianismo.
Nesse contexto, muitos imperadores empreenderam perseguições contra os cristãos, sobretudo contra aqueles que se destacavam ou realizavam alguma atividade que incomodava as determinações do Império.
História do bispo Valentim
No século III d.C., Valentim, um dos bispos da Igreja, celebrava casamentos de jovens cristãos que queriam levar adiante o sacramento do matrimônio. A instituição do casamento feria os interesses do então imperador Claudio II — que via no matrimônio monogâmico algo nocivo aos jovens em idade militar —, e decidiu proibir que tal união fosse celebrada. Entretanto, o bispo continuou realizando casamentos, contrariando as diretrizes do imperador. Diante da insistência do bispo, ele acabou preso, condenado à morte e foi decapitado em 14 de fevereiro de 270 d.C.
O seu martírio levou a Igreja Católica, mais de 200 anos mais tarde, a considerá-lo um Santo. O primeiro dia declarado de homenagem ao Santo Valentim, tido como mártir dos namorados só foi instituído em 14 de fevereiro de 496 d.C, pelo papa Gelásio, no século V.
Especula-se, sem precisão histórica, que, quando Valentim estava preso teria se apaixonado por uma moça, com a qual trocava bilhetes amorosos. Após sua morte, Valentim teria se tornado símbolo da união amorosa, fosse por conta dos casamentos que celebrava quanto pelos bilhetes românticos. Sendo exata ou não, a história dos bilhetes ou cartões de conteúdo amoroso passou a circular na Europa medieval e moderna, acrescida de versões sobre a morte de Valentim. Aos poucos, essas histórias e a data de sua morte foram sendo associadas ao dia dos namorados.
O 14 de fevereiro também era marcado pela comemoração da véspera da Lupercália, uma celebração da antiga Roma, que acontecia anualmente para homenagear Juno, deusa do casamento e da mulher, e Pan, o deus da natureza. O evento celebrava a fertilidade e tinha o objetivo de marcar o começo da primavera. Na ocasião, os jovens sorteavam nomes de garotas misturados em uma caixa e os dois se transformavam em namorados durante a festa, podendo até se casar depois.
Por tudo isso, acredita-se que ambas as celebrações podem ter contribuído para a origem do Dia dos Namorados, na Europa, apesar de a data ser marcada por uma festa cristã atualmente.
Santo Antônio e São Valentim
No caso do Brasil, o Valentine's Day não teve a mesma recepção de outros países. Em 1948, o empresário do setor publicitário João Dória, elaborou um programa comercial que estaria relacionado com a comemoração da data no Brasil. Escolheu o 12 de junho, um dia antes da comemoração de Santo Antônio, considerado o santo casamenteiro. Desde então, 12 de junho é o Dia dos Namorados, no Brasil.
“Não é só com beijos que se prova o amor!” foi o slogan da primeira comemoração da data. Outro slogan era: “Não se esqueçam: amor com amor se paga”. A propaganda foi eleita como a melhor do ano pela Associação Paulista de Propaganda.
Há mais de 70 anos, o Dia dos Namorados já é a terceira melhor data para o comércio brasileiro, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.
Quando e como se festeja Dia dos Namorados em outros países?
- Argentina: Além de comemorarem o Dia de São Valentim em 14 de fevereiro, eles também têm a “Semana da Doçura” que acontece de 01 a 07 de julho. Essa comemoração é própria da do país e foi criada em 1989. Seu slogan é “uma guloseima por um beijo”: as pessoas dão um bombom e ganham um beijo em troca. Nessa época, a venda de doces aumenta no país. Há também o propósito de que todos sejam mais doces (gentis) uns com os outros durante a semana.
- Itália: Os italianos comemoram em 14 de fevereiro, no entanto, há outra tradição no país que acontece durante o Festival de Primavera, em maio: vários casais trocam presentes, principalmente o “baci perugina”, caixa de chocolates pequenos de avelã feito em formato de coração. Existe uma crença de que o primeiro homem que ver uma mulher nesse dia irá se casar com ela, em um ano.
- Espanha: Em algumas partes da Espanha existem datas diferentes para o Dia dos Namorados. Em Barcelona, o santo padroeiro da cidade é Sant Jordi, festejado em 23 de abril de cada ano, quando o povo catalão aproveita para celebrar o amor e os livros. Por volta da época do festival "Sant Jordi", a cidade enche-se de feiras de livros. E aos livros juntam-se as rosas que são as prendas escolhidas como símbolos de afeto. Já em Valência, a celebração do amor ocorre em 09 de outubro: é a festa de São Dionísio, ou San Dionísio, na qual as pessoas trocam presentes de maçapão (marzipã ou marzipan) envoltos em lenços. A tradição diz que o amado que recebe o presente deve guardar o lenço para sempre, como prova de amor ao seu parceiro.
- Portugal: Os restaurantes fazem um menu especial para o dia dos namorados. Os casais saem para comemorar e alguns fazem uma pequena “escapada romântica” passando um fim de semana em um hotel romântico, com várias ofertas de experiências para casais, como pacote de massagem para dois, dia no spa etc.. Os presentes mais comuns oferecidos nesse dia são as tradicionais flores, caixas de bombons e perfumes.
- África do Sul: Na África do Sul, a data também é comemorada em 14 de fevereiro, porque seguem a tradição ocidental. Porém, além da troca de presentes, existe um ritual bastante peculiar: neste dia, os sul-africanos costuram um coração com o nome da pessoa amada na manga da blusa para que ela possa compreender o interesse deles. Esse ritual tem referência na Lupercalia, antiga celebração romana da fertilidade.
- Japão: O Japão comemora em dois dias: no primeiro, 14 de fevereiro, as mulheres presenteiam os homens com chocolates; já no segundo, em 14 de março, conhecido como "Dia Branco", são os homens que oferecem presentes para as mulheres. Dentre os mimos destacam-se papéis de carta, doces, lenços, jóias, entre outros, porém, os chocolates brancos são os preferidos. Vale destacar que a primeira data tem relação com a comemoração ocidental, mas o segundo foi criado pelo país com o objetivo de movimentar o comércio. É importante mencionar que ambos servem para celebrar e demonstrar a gratidão.
- China: A China comemora o Festival Qixi no 7º dia do 7º mês lunar de cada ano, o qual normalmente é entre julho e agosto. Sua origem é numa lenda chinesa da história de amor de Zhinu e Niúláng. Em resumo, Niúláng era um vaqueiro que se apaixonou por Zhinu, 7ª filha da Rainha Mãe do Céu. Sua mãe não aceitou que ela casasse com um mortal e fez o pretendente Niúláng reencarnar. Eles se reencontram novamente em sua outra vida, mas a Rainha Mãe consegue impedir o relacionamento novamente, ao transformar os dois em estrelas e criar um “rio” imenso (Via Láctea) para separar os dois. Porém, “uma vez por ano, pássaros de todo o mundo formam uma ponte sobre o rio, para que Zhinu e Niúláng possam reunir-se de novo”, conforme o site Instituto Confúcio. Nesse dia, é celebrado o Qixi, em que garotas jovens preparam oferendas de melões e outras frutas para Zhinu com esperança de encontrar um marido. Enquanto isso, os casais vão aos templos rezar por prosperidade e felicidade. À noite, as pessoas se reúnem para assistir as estrelas Vega e Altair, que seriam Zhinu e Niúláng, respectivamente.
Deixe o seu comentário