O vídeo continua crescendo em importância como fonte de notícia, que passou de 52% de consumidores em 2020, para 65% em 2025. No Brasil, o consumo de notícias pela televisão está em queda, abrindo margens para as redes sociais e à crescente popularidade do YouTube. Nas Filipinas, Tailândia, Quênia e Índia mais pessoas preferem assistir às notícias em vez de lê-las.
As análises abordam, na 14ª edição de 2025 do Instituto Reuters, o consumo da informação pelo mundo, divulgado no mês passado — junho. A análise está baseada em dados dos seis continentes e 48 mercados. No Brasil, pesquisa da Associação Brasileira de Podcasters (ABPod) estimou o número de ouvintes em quase 32 milhões, com vídeos representando 42% da produção de conteúdo.
Mas, mais da metade da amostra (58%) tem dificuldade de diferenciar o que é verdadeiro do que é falso quando se trata de notícias online. Influenciadores e personalidades online são vistos como a maior ameaça em todo o mundo (47%), no mesmo percentual se encontram os políticos nacionais. Ainda assim, o público pesquisado está dividido: “As empresas de mídia social devem remover mais ou menos conteúdo que pode ser falso ou prejudicial, embora não seja ilegal?”.
Numa palavra inicial, a diretora do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, Mitali Mukherjee, destacou que o relatório de 2025 “chega em um momento de profunda incerteza política e econômica, com alianças geopolíticas em transformação, sem mencionar a crise climática e os conflitos destrutivos contínuos em todo o mundo. Nesse contexto, o jornalismo analítico e baseado em evidências deveria prosperar, com jornais desaparecendo das prateleiras, a mídia televisiva e o tráfego da internet crescendo rapidamente. Mas, como mostra nosso relatório, a realidade é muito diferente. Na maioria dos países, encontramos a mídia jornalística tradicional com dificuldades para se conectar com grande parte do público, com engajamento em declínio, baixa confiança e assinaturas digitais estagnadas”.
Mais adiante, ela diz: “Políticos populistas em todo o mundo conseguem, cada vez mais, ignorar o jornalismo tradicional em favor de mídias partidárias amigáveis, ‘personalidades’ e ‘influenciadores’ que frequentemente têm acesso especial, mas raramente fazem perguntas difíceis, com muitos envolvidos na disseminação de narrativa falsa ou algo pior”.
Apesar desse quadro, um dado positivo do resultado da pesquisa é que a confiança geral nas notícias permaneceu estável em 40% pelo terceiro ano consecutivo. Em muitos países, quando pessoas querem verificar se uma informação é falsa ou verdadeira no online, recorrem justamente a fontes oficiais. Isso se aplica a todas as faixas etárias, embora os jovens sejam proporcionalmente mais propensos do que os grupos mais velhos a usar as mídias sociais.
(Fonte: Reuters, por Edelberto Behs)
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