Auditores fiscais do Ministério do Trabalho entregaram na última quinta-feira, 2, ao procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Paulo Henrique Boldrim, um relatório com a identificação de diversas irregularidades que vinham sendo investigadas pelo órgão no Hospital Municipal Raul Sertã.
Segundo o Ministério do Trabalho, entre os problemas apontados está a falta de gestão administrativa qualificada, que acarreta em uma série de outras situações irregulares.
O documento possui 37 páginas e cita infiltrações nas enfermarias; a falta de padrão nos uniformes dos profissionais, que precisam comprar a própria vestimenta; além dos calçados inapropriados usados por eles.
Os auditores relataram também que o hospital não fornece roupa de cama para os pacientes internados, precisando que os familiares levem fronhas, lençóis e cobertores de casa. “Ou seja, há um entra e sai de pessoas e itens pessoais que pode se tornar uma porta de entrada para contaminações na maior unidade de saúde pública do Centro-Norte fluminense”, constatam os auditores.
A falta de segurança no Raul Sertã durante a madrugada também é um fator citado no documento. Segundo o relatório, recentemente a prefeitura disponibilizou guardas municipais durante o dia, mas depois das 19h não há nenhum efetivo na portaria do hospital. Há relatos, inclusive, de profissionais agredidos dentro da unidade.
Dentre as denúncias, também foi apontado que há profissionais que estão com a caderneta de vacinação atrasada, além de exames que precisam ser apresentados pelos mesmos.
Setor de raio X
A situação do setor de raio-x também foi um problema relatado no documento encaminhado ao procurador. Em janeiro deste ano, ganhou destaque na mídia local a falta de material ideal para impressão dos resultados de exames que eram entregues aos pacientes em folhas de papel A4, dificultando a interpretação do diagnóstico pelos médicos da unidade. O relatório, inclusive, foi denominado "Raio-X", pelo fato de, a partir do problema identificado no exame, ter revelado as demais irregularidades internas no Hospital Raul Sertã.
Ainda em junho de 2022, a antiga gestão do Conselho Municipal de Saúde de Nova Friburgo (CMS) já havia identificado irregularidades no setor de raio x do hospital durante fiscalizações de rotina. Em uma nota de esclarecimento e repúdio divulgada, em outubro de 2022, o CMS destacou a “situação caótica” do setor. Na inspeção, os membros do CMS identificaram os direitos dos servidores municipais que atuavam no setor estão sendo infringidos. Observou-se também crime contra o meio ambiente e abandono do patrimônio público”.
Na ocasião, membros do CMS se reuniram com a então secretária municipal de Saúde, Nicole Cipriano, que afirmou, aos conselheiros, “não ter tomado ciência da precariedade denunciada e que entendia caber essa função à chefia do setor.” Sem concordar com o posicionamento da então secretária, o CMS encaminhou denúncia ao MPT e a Vigilância Sanitária estadual. Solicitou também laudo da empresa que faz a manutenção dos equipamentos de raio x, mas não obteve êxito em seus questionamentos. O CMS observou ainda que as declarações do prefeito Johnny Maycon, na mídia, em redes sociais, sobre investimentos na saúde pública municipal, não condiziam com a realidade observada durante as inspeções de rotina. (Com informações do portal G1)
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