Há três dias o colunista teve a oportunidade de conversar longamente com um personagem que há algumas décadas circula livremente pelas salas mais restritas da política estadual, e ouviu uma leitura bastante interessante a respeito do destino do governador do Rio, Wilson Witzel.
Em essência, predomina o entendimento de que sua eleição se deu com prestígio que tomou emprestado do presidente da República, Jair Bolsonaro,e aparentemente apenas ele não se deu conta disso.
Nas nuvens
Deslumbrou, superestimou o brilho próprio, acreditou que não precisava dialogar com a Alerj e costurar uma base de apoio.
Antes mesmo de assumir o governo estadual já sonhava com a presidência da República, e nem mesmo conseguia disfarçar isso.
Numa entrevista que se tornaria famosa, assumiu esta ambição com um sorriso revelador, dizendo ter a certeza de que contaria com o apoio de Bolsonaro para tanto.
Desconexão maior com a realidade, impossível.
Pediu para sair
E, claro, paralelamente a tudo isso, houve também todas as situações inaceitáveis que os jornais têm publicado há tantos meses.
A rigor, há quem acredite que teria sido possível abrir processo de impeachment sob diversas justificativas.
O que se passou aqui (e em outras cidades) com os hospitais de campanha foi sórdido demais, mesmo para os padrões do Palácio Guanabara.
Com o que foi “jogado fora” (entre aspas, porque alguém sempre recebe esse dinheiro) daria para ter construído o hospital de oncologia!
Insustentável
Em resumo, o que derrubou o governador foi a insustentável combinação entre os erros que grande parte dos políticos cometem, com outros que apenas ele cometeu.
Sua situação se tornou tão crítica que conseguiu unir todo o parlamento (contra ele).
Não restam dúvidas, por exemplo, de que se Marcelo Crivella tivesse ignorado o parlamento municipal como Witzel fez em relação ao estadual, também já teria sofrido o afastamento há muito tempo.
Serve de lição
Ao fim de mais este triste capítulo da política fluminense resta esperar que o caso Witzel torne o eleitorado um pouco mais crítico quanto às estratégias caronistas e apelativas habitualmente empregadas para estimular a transferência de votos.
É preciso conservar o olhar crítico, analisar propostas e a composição de cada grupo antes de escolher em quem votar, sob pena de ser passado para trás por quem aposta que a maneira mais fácil de se eleger é se apoiando no prestígio de terceiros.
Porque, se o leitor prestar atenção, vai ver que este tipo de comportamento não é exclusivo da esfera estadual não.
Leia a íntegra da coluna aqui.
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