Mais de 20 coletivos assinam manifesto contra decisão da Justiça sobre Marotti

Nota de repúdio insiste em feminicídio. Documento será entregue a entidades da Justiça e de Direitos Humanos
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022
por Jornal A Voz da Serra
Protesto na porta do Fórum de Nova Friburgo antes do julgamento de Marotti (Foto: Henrique Pinheiro)
Protesto na porta do Fórum de Nova Friburgo antes do julgamento de Marotti (Foto: Henrique Pinheiro)

Mais de 20 coletivos do Estado do Rio redigiram e assinaram uma nota de repúdio  contra a decisão do júri popular que não reconhceu dolo de matar e condenou Rodrigo Marotti apenas por crime de incêndio com morte, informa o portal de notícias G1.

A organização Tecle Mulher fez uma postagem nas redes sociais logo nas primeiras horas da quarta-feira, 9, ao fim do julgamento, repudiando a decisão. "O Tecle Mulher se indigna com a sentença dada para Rodrigo Marotti. A sociedade friburguense se posiciona ao lado dos assassinos de mulheres. É feminicídio, sim! Um ato de extrema covardia, sim! Nós, mulheres, corremos perigo sempre, até depois de mortas”, diz a publicação.

O coletivo Império das Negas também se posicionou nas redes sociais: "Nossos corpos ainda não são prioridade, nossas vidas ainda não valem a justiça, e mais uma vez, nossa morte não comove a sociedade! Transformaremos nosso luto em luta para que a justiça seja feita por nós. Nossa solidariedade aos amigos e familiares de Alessandra e Daniela".

O G1 teve acesso ao texto e à lista de organizações que assinaram o manifesto contra a sentença. Segundo a liderança do movimento, todos os envolvidos repudiam a decisão. “O feminicídio de Alessandra Vaz e Daniela Mousinho foi um crime cometido como consequência das violências contra a mulheres, pelo fato de serem mulheres. A conclusão dos jurados, 4 homens e 3 mulheres, não representa a vontade da parcela feminina da população de Nova Friburgo e região, a grande responsável pela movimentação econômica da região, reforçando a mácula do machismo estrutural, entranhada na nossa sociedade! O júri, ainda por cima, colocou as vítimas como rés, em seu posicionamento. Foi crime de feminicídio sim, um crime hediondo em nossa legislação”, diz o texto.

Assinaram o manifesto as seguintes instituições : Tecle Mulher, Rede de Mulheres de Nova Friburgo, REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano, Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário do Estado do RJ, AMB RIO – Articulação de Mulheres Brasileiras, Apartida/RJ, Sindicato dos Modelos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Social Black Brasil ,Centro Cultural Afro – Brasileiro Ysum Okê, 8M Nova Friburgo, Coletiva Mulheres na Serra, Núcleo Popular de Mulheres Leny Reis, Associação dos Agentes de Saúde de Nova Friburgo, Biblioteca Comunitária do Vale dos Peões, Fórum Popular Permanente do Alto Rio Macaé, CFCAM – Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Rede de Mulheres em Comunicação Amarc Brasil, Ama_Lumiar – Associação de Moradores de Lumiar, Império das negas, Maiara Felício Vereadora PT/NF e UJC – Nova Friburgo.

As instituições estão colhendo mais assinaturas e o documento será entregue a organizações da Justiça e de Direitos Humanos.

Os familiares das vítimas também estão indignados com a sentença. "Nós estamos todos embasbacados com a decisão do júri de absolvê-lo do dolo do crime. Estamos embasbacados com a frieza como as pessoas podem tratar o feminicídio de duas mulheres. Frieza tal que desconsiderou o feminicídio da minha mãe e da Alessandra. É de um absurdo imenso que você olhe pra um crime desse, que você ouça os advogados falarem o dia inteiro, que você ouça diversas testemunhas falarem que um homem pegou um colchão, ateou fogo e colocou na porta do banheiro que era a única das duas mulheres e que no final ele não teve intenção de matá-las. Isso é um absurdo. Então nós estamos muito revoltados com a decisão do júri", disse Luiza Mousinho, filha de Daniela.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro recorreu na própria sessão de julgamento por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos. O recurso terá por objetivo a anulação do júri para submeter o acusado a novo julgamento perante o Tribunal do Júri, para que seja condenado por duplo feminicídio em nova sessão plenária.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro disse em nota que representa Rodrigo Marotti e que não se manifestará sobre sua estratégia de defesa.

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TAGS: crime