A filósofa e escritora Simone de Beauvoir escreveu: “Poucas tarefas são mais parecidas com a tortura de Sísifo do que o trabalho doméstico, com sua repetição sem fim: a limpeza se torna sujeira, a sujeira vira limpeza, de novo e de novo, dia após dia. A dona de casa se desgasta marcando o tempo: ela não cria nada, apenas perpetua o presente. A batalha contra a poeira e a sujeira nunca é vencida”.
Alguma mulher aí discorda de Beauvoir? Ouso duvidar. Do contrário, apesar do fardo a nós destinado, “ao longo da história, ‘elas’ não teriam se revoltado, reinado, inventado, salvado vidas: ou seja, não teriam mudado o mundo”.
Assim, pode-se concluir que no século passado muito desse cenário foi superado e transformado, ao menos no mundo ocidental. Tivemos a luta das sufragistas pela conquista do voto feminino, o uso da pílula anticoncepcional, a determinação para sair de casa e construir carreiras de sucesso, o surgimento de mulheres brilhantes que, no seu campo de estudos e interesses, mudaram o mundo em que vivemos.
Para o antropólogo Aluysio Athayde, “um papel social é representado perante expectativas da sua plateia, a sociedade. Desempenhar um papel feminino, por exemplo, é estar sujeito a assumir determinadas posturas, jeitos, comportamentos, olhares, modos, daquilo que se espera dentro de determinada cultura”.
Ainda segundo ele, “na sociedade Ocidental, a família, a casa, e o doméstico parecem estar juntos numa esfera caracterizada como feminina, enquanto as esferas públicas do trabalho, negócios e política fundem-se num mundo simbólico masculino. [...] No Brasil, essa dicotomia é visível numa clara distinção entre a casa e a rua”.
Em sua coluna, o jornalista/cronista Wanderson Nogueira, é categórico: “Eu não quero ser mais um machista. E não é pelo politicamente correto. Eu quero aprender a não ser machista. Não por vaidade moral, mas porque quero respeitar em sua integralidade o espelho que reflete minha mãe - toda mulher - vinculada a mim ou não. Eu disse: todas as mulheres em suas mais diversas personalidades”.
Enfim: “Se a liberdade parece ser um caro valor ao Ocidente, que ela possa estar presente nos mais diferentes espaços e que as mulheres possam exercê-la de modo pleno”, encerrou Athayde.
Bom fim de semana!
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